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O que indicará a ata do Copom sobre o futuro da Selic?

Correlação entre os trâmites da agenda de reformas e a agenda de cortes de juros deve ficar claro na ata do Copom a ser divulgada nesta terça-feira

BANCO CENTRAL: a data do início do ciclo de cortes nos juros provoca desencontros / Ueslei Marcelino | Reuters (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2019 às 06h26.

Última atualização em 25 de junho de 2019 às 06h58.

Não são apenas investidores e economistas que acompanham atentamente os trâmites da reforma da Previdência no Congresso. Integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) também aguardam a aprovação da agenda fiscal para dar início ao ciclo de cortes da taxa básica de juros do país. Essa correlação deve ficar explícita na ata da última reunião, que será divulgada nesta terça (25).

Na semana passada, a entidade monetária decidiu que os juros ficam em 6,5%. Essa foi 10ª vez em que a Selic teve seu inalterado. Em sua ata, o Copom costuma indicar seus próximos movimentos de decisão sobre os juros e do que eles dependem.

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A expectativa dos economistas consultados pelo Banco Central é de que a autoridade monetária vai reduzir a Selic dos atuais 6,5% para 5,75% até o fim de 2019. Caso a projeção no boletim Focus se confirme, este será o menor patamar de juros da história. Trata-se de uma média. Portanto, obviamente há especialistas mais otimistas com o afrouxamento monetário. É o caso de Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, que prevê uma redução de 1,5 ponto percentual (p.p.) para 5% até o fim do ano.

Outro otimista é Carlos Kawall, economista-chefe do banco Safra, que vê espaço para redução de 1 p.p. (ou até mais) da Selic, dependendo do andamento da agenda fiscal no Congresso. “Nosso cenário-base é de que nas próximas três semanas a pauta será aprovada não apenas na comissão especial, mas também na primeira votação da Câmara. Com isso, estamos confortáveis com a projeção de um corte de 0,5 p.p. em julho e outro de 0,5 p.p. em setembro”, escreve Kawall, em relatório.

Do outro lado da balança, estão os mais cautelosos, como Dalton Gardimam, analista do Bradesco BBI, que projeta um ciclo de dois cortes de 0,25 p.p.. “A atividade econômica tem sido largamente decepcionante, enquanto a inflação continua comportada, o que abre espaço para os cortes”, afirma, em relatório. Ontem, o governo anunciou que cortará pela terceira vez a projeção de crescimento econômico para o ano — de 1,6% para algo mais perto do 0,87% previsto ontem no boletim Focus, do Banco Central.

Mas não é somente o tamanho do afrouxamento monetário que divide os especialistas. A data do início do ciclo também provoca desencontros. Enquanto muitos economistas esperam um corte em julho, o cenário-base de Cláudio Ferraz, analista-chefe do BTG Pactual , leva em consideração que a mudança no patamar de juros virá em setembro. “Mas se a aprovação for mais rápida, pode ser que antecipe para julho”, diz, em relatório.

Essas dissonâncias devem ser amenizadas com a ata do Copom e com o relatório trimestral de inflação, que será divulgado na quinta-feira (27), uma vez que esses documentos funcionam como bússolas do mercado. O Norte dos economistas e da autoridade monetária é a Câmara, que vai deliberar em breve sobre a reforma da Previdência. Não deixa de ser uma forma de pressionar os deputados a aprovar a pauta tida como fundamental para a retomada econômica do país.

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