presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto Mesa: presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado (Edilson Rodrigues/Agência Senado/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 22 de abril de 2024 às 17h29.
Última atualização em 22 de abril de 2024 às 21h08.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira, 22, que o governo tem pouca capacidade fiscal, com dívida alta e uma pequena parte do orçamento destinado para cobrir despesas discricionárias. Segundo ele, essa realidade obriga o país e o governo a serem eficientes, diante da falta recursos, o que exige o uso de mais tecnologia. Entretanto, as ineficiências têm reflexo no prêmio de risco. As declarações foram feitas durante o Seminário Brasil Hoje, da Esfera Brasil.
"Tem uma percepção de que isso influencia as decisões econômicas. Se tem uma incerteza, você começa a colocar um prêmio de risco, que se transforma no custo do dinheiro. Se ele está mais alto, significa que todos os projetos precisarão de taxa de retorno maior para se justificar e muitos não serão feitos", disse.
Segundo Campos Neto, um exemplo de materialização desse prêmio de risco ocorre no custo de crédito, por meio da insatisfação dos brasileiros em relação à segurança pública. Na prática, isso cria um custo adicional para os negócios.
"No Brasil, parte da insatisfação das pessoas tem a ver com segurança pública, nas grandes cidades é mais aparente. Mas nas empresas está por toda parte. Isso faz com que as empresas de fora tenham de olhar para essa dimensão como um custo adicional. E isso me preocupa, porque tem uma alocação de recursos ineficiente", disse.
Ele citou como exemplo os gastos do sistema bancário com segurança e transporte de numerário. Questionado se esse custo adicional bate no spread bancário, ele afirmou que sim.
Sobre o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Campos Neto afirmou que o órgão foi para o guarda-chuva da autoridade monetária em um momento de crise institucional, com entendimento de que eventualmente ele deveria ter autonomia própria.
"Pensamos que o Coaf iria e ficaria no Banco Central por algum tempo e que eventualmente ele sairia e teria sua autonomia própria, com as mesmas condições do Banco Central: com um presidente com mandato que cruzasse o do presidente do Executivo e indicação de diretores de forma alternada. A gente entendia que o ideal é que o Coaf ficasse no Banco Central por um tempo, para reduzir o ruído, mas que eventualmente tivesse autonomia própria", disse.