Se for necessário, meta de déficit será mudada, diz Mansueto
Orçamento de 2020 permite um déficit de até R$ 124,1 bilhões, que pode "pouco" com gastos extras no combate ao coronavírus
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de março de 2020 às 06h51.
Última atualização em 17 de março de 2020 às 06h53.
São Paulo — O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, admitiu nesta segunda-feira, 16, que o governo poderá flexibilizar a meta fiscal deste ano, que permite um déficit de até R$ 124,1 bilhões, caso haja necessidade de garantir mais recursos à Saúde no enfrentamento ao novo coronavírus. A medida foi antecipada pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na última quinta-feira, 12.
"Se a Saúde precisar de mais R$ 5 bilhões, R$ 8 bilhões, mais R$ 15 bilhões, nós garantiremos. Se for necessário, a meta será mudada", disse Mansueto.
Como mostrou a reportagem, a mudança na meta entrou no radar diante do risco cada vez maior de necessidade de bloquear despesas no Orçamento diante da frustração de receitas. O contingenciamento vem num momento crítico para o País. O próprio secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse que há possibilidade de mais frustração na arrecadação.
Waldery destacou, porém, que a comunicação da mudança virá conforme seja necessário. Segundo ele, a equipe ainda está fechando os cálculos.
"Exatamente de quanto (pode ser mudança da meta)? Ainda não se sabe", disse Mansueto. Segundo ele, na próxima sexta-feira deve haver um contingenciamento porque o governo tem data para publicar o relatório do primeiro bimestre, mas afirmou que, assim que alterar a meta caso seja de fato necessário, será possível desbloquear as despesas.
O secretário do Tesouro ressaltou que o problema este ano não é o teto de gastos, regra que limita o avanço das despesas à inflação. Isso porque o governo pode abrir créditos extraordinários, que ficam de fora do teto, para fazer frente a despesas imprevistas. Além disso, a razão para o bloqueio seria a frustração de receitas, não o excesso de despesas.
"O importante é o que ocorrer com a meta não contamine o teto", disse Mansueto. Ele ressaltou ainda que é essencial que as medidas de ajuda fiquem restritas a 2020.
Waldery, por sua vez, rechaçou qualquer possibilidade de o governo retirar os investimentos do alcance do teto de gastos, como sugeriram alguns economistas.