Economia

Se a Kirchner quiser fechar o Mercosul, Brasil sai do bloco, diz Guedes

Ministro da Economia minimizou os impactos da crise na Argentina e sua influência no Brasil

Paulo Guedes: ministro tentou minimizar crise na Argentina (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Paulo Guedes: ministro tentou minimizar crise na Argentina (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 14h37.

Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 16h43.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 15, em evento do Santander que, se o candidato da ex-presidente Cristina Kirchner vencer as eleições na Argentina e quiser fechar o Mercosul, atrapalhando o acordo com a União Europeia, o Brasil sairá do bloco.

"E se a Kirchner quiser fechar (o Mercosul para acordos externos)? Se quiser fechar, a gente sai do Mercosul. E se quiser abrir? Então vou dizer bem-vinda moça, senta aí", disse.

Nesta semana, o mercado argentino sofreu forte abalo na esteira da esmagadora vitória do candidato de oposição Alberto Fernández nas eleições primárias, afetando severamente as chances de reeleição do presidente Mauricio Macri.

Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como sua companheira de chapa, abriu forte vantagem nas primárias em relação a Macri, que é defensor do livre mercado.

Em sua fala, Guedes defendeu que o Brasil nunca precisou da Argentina para crescer, frisando que o foco do governo é a recuperação da dinâmica de expansão da atividade econômica.

Ele minimizou ainda um agravamento da crise da Argentina e seu impacto para o Brasil. Segundo ele, a indústria automotiva só é tão afetada porque a economia brasileira é muito fechada.

"Nosso foco é recuperar a nossa dinâmica de crescimento. Desde quando o país, para crescer, precisou da Argentina? Quem disse que esse é o modelo que a gente quer, queremos ter indústria competitiva", disse.

Em meio a uma alinhamento entre Brasil e Argentina, o Mercosul fechou no fim de junho acordo de livre comércio com a União Europeia após negociações iniciadas há 20 anos.

Recentemente, o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, disse que há hoje "conexão e coincidência de propósitos" entre o presidente Jair Bolsonaro, Macri e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Já sobre as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, Guedes avaliou que esta é uma briga que traz desconforto no mundo todo, mas ponderou que Trump foi eleito para isso.

"O que temos que fazer é nossa parte, consertar aqui dentro e esperar o pau comer lá fora. Se eles caírem lá fora, nós vamos continuar vendendo pra eles e continuar comendo pelas beiradas. Pode afetar alguns preços relativos, mas não temo que seja um impacto muito grande por aqui", disse.

Privatizações

Em seu discurso, Guedes também afirmou que o governo vai acelerar as privatizações e destacou que o apoio do presidente Jair Bolsonaro ao programa está aumentando. "Meu trabalho é tentar vender todas as estatais", afirmou.

O ministro ainda apontou que agora é preciso avançar com a reforma tributária, ressaltando que a proposta do governo é unificar o sistema. "Quem quiser fazer vem junto, e quem não quiser fica fora, igual foi feito na Índia e no Canadá", disse.

Ao falar sobre a reforma da Previdência, Guedes afirmou que vai tentar, "mais para frente", passar um regime de capitalização no Congresso. Em relação à reforma tributária, afirmou que não haverá surpresas e que o governo garantirá previsibilidade.

"Há previsibilidade, não tem susto, não tem surpresa. Não vem um imposto único e acabou tudo. Vamos pegando os impostos, simplificando, criando bases, tentando reduzir alíquotas", disse.

(Com Estadão Conteúdo e Reuters)

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