Economia

Schnabel, do BCE, vê riscos para inflação ‘inclinados para cima’

Ao mesmo tempo, ela minimizou o perigo de que a nova onda de Covid-19 possa impedir a recuperação da zona do euro

Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt, na Alemanha 26/04/2018 REUTERS/ (Kai Pfaffenbach/Reuters)

Sede do Banco Central Europeu (BCE), em Frankfurt, na Alemanha 26/04/2018 REUTERS/ (Kai Pfaffenbach/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 23 de novembro de 2021 às 16h30.

Por Carolynn Look e Alexander Weber, da Bloomberg

Isabel Schnabel, que faz parte do conselho executivo do Banco Central Europeu, disse que há uma ameaça crescente de a inflação se consolidar. Ao mesmo tempo, ela minimizou o perigo de que a nova onda de Covid-19 possa impedir a recuperação da zona do euro.

Investidores voltaram a apostar no aumento da taxa de juros no ano que vem depois dos comentários de Schnabel em entrevista em Frankfurt na segunda-feira, poucas semanas antes de uma decisão crucial do BCE sobre o estímulo.

Schnabel, nascida na Alemanha, é responsável pelas operações de mercado. Ela sugeriu que um plano de emergência ainda será necessário, mesmo que o foco futuro da política monetária possivelmente se desvie das compras de ativos.

“É plausível supor que a inflação caia abaixo de nossa meta de 2% no médio prazo. No entanto, os riscos para a inflação estão inclinados para cima”, disse Schnabel. “A incerteza aumentou em relação ao ritmo e extensão do declínio” e “temos que levar esse aumento da incerteza em consideração”.

Os comentários de Schnabel seguem meses de preocupação de investidores globais com a inflação, e antecedem dados na próxima semana que podem mostrar um novo salto da inflação na zona do euro, com o índice de preços possivelmente perto da alta de 6% vista na Alemanha, a maior economia da região. Enquanto isso, o agravamento da pandemia levou a chanceler Angela Merkel a buscar medidas mais rigorosas para frear a atividade.

“Mais recentemente, observamos um aumento das infecções de Covid-19 e algumas medidas de contenção em partes da área do euro”, disse Schnabel. “É provável que isso tenha um efeito moderador sobre a atividade no curto prazo, em particular no setor de serviços de contato intensivo. Mas não acho que isso vá descarrilhar a recuperação geral.”

Talvez apoiando essa visão econômica, os índices dos gerentes de compras para França e Alemanha, divulgados na terça-feira, mostraram melhora em novembro. No entanto, os custos de insumos aumentaram, e os atrasos no lado da oferta, bem como pressões inflacionárias, pesam sobre o crescimento alemão.

Com um cenário econômico tão incerto, autoridades devem buscar margem de manobra na próxima decisão em 16 de dezembro, acrescentou Schnabel. Essa reunião foi apontada como crucial para determinar o futuro do estímulo do BCE, já que o programa emergencial de compras de títulos expira em março.

Depois que os comentários de Schnabel foram publicados, os mercados monetários voltaram a apostar em aumento de 10 pontos-base da taxa básica do BCE em dezembro de 2022, depois de descartarem uma alta por um breve período na semana passada.

O aumento atual dos preços ao consumidor, em parte ligado ao aumento dos custos de energia e gargalos nas cadeias de suprimento globais, gerou debate entre autoridades sobre quanto tempo a alta pode durar e o que isso significa após o término do programa de compra de ativos de 1,85 trilhão de euros (US$ 2,1 trilhões), conhecido como PEPP.

“Em momentos de incerteza muito alta, é extremamente importante manter alguma opcionalidade”, disse Schnabel. “Certamente não me comprometeria por um período muito longo. Seria um erro.”

Ela sugeriu separar a decisão do conselho do BCE em duas perguntas.

“A primeira: qual a quantidade de estímulo ainda necessária?” pergunta Schnabel. “A segunda: que tipo de ferramentas queremos usar para fornecer o estímulo que achamos apropriado?”.

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