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Saldo corrente no bimestre apresenta queda de 71%

Para economistas, redução do saldo das transações correntes não preocupa, porque demonstra estabilidade do país

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.

As transações correntes apresentaram um saldo acumulado no bimestre de 273 milhões de dólares - 71% menos que os 932 milhões do mesmo período de 2005. Somente em fevereiro, o saldo foi positivo em 725 milhões, suficiente para reverter o déficit de 452 milhões registrados em janeiro - o primeiro resultado negativo desde novembro de 2004. Já o balanço geral de pagamentos do bimestre ficou positivo em 3,460 bilhões de dólares, um recuo de 49%. Nele, estão inclusos o saldo das transações correntes e o das contas de capital e financeira do país.

Os economistas já esperavam uma queda em relação ao ano passado e afirmam que o resultado até fevereiro não preocupa. "Os números mostram a consolidação de um cenário econômico mais estável", afirma Jason Vieira, economista da consultoria GRC Visão. Sandra Utsumi, economista-chefe do Banco Espírito Santo, concorda. "Não é preocupante, porque é o caminho natural dos países em desenvolvimento", diz.

Segundo Sandra, à medida que o Brasil se fortalece, as empresas estrangeiras começam a ter melhores resultados em suas operações locais. Com o real valorizado, são ainda incentivadas a enviar mais lucros e dividendos para o exterior, o que impacta a conta de serviços e rendas. Além disso, o país também é estimulado a contratar mais serviços estrangeiros para se desenvolver, o que também pressiona as contas. Vieira, da GRC Visão, lembra que a própria internacionalização das empresas pressiona o balanço de pagamentos, que passa a contabilizar maiores remessas de investimentos brasileiros ao exterior.

Lucros e viagens

A forte remessa de lucros e dividendos ao exterior foi a responsável pelo déficit das transações correntes em janeiro. As remessas líquidas de lucros e dividendos, referentes a investimentos diretos, atingiram 774 milhões de dólares no mês retrasado. Em fevereiro, porém, a cifra baixou para 516 milhões.

A conta de serviços também foi pressionada pelo maior número de viagens internacionais. No acumulado do bimestre, esse item apresenta um prejuízo líquido de 71 milhões de dólares, contra os 60 milhões positivos de igual período de 2005.

O resultado é que a conta geral de serviços e rendas fechou o bimestre com perdas de 5,958 bilhões de dólares, 31% maiores que os 4,546 bilhões da mesma comparação. O crescimento do prejuízo foi compensado, em parte, pelo melhor desempenho da balança comercial, que acumulou superávit de 5,666 bilhões até fevereiro, contra 4,963 bilhões.

Investimentos estrangeiros

Os investimentos estrangeiros diretos líquidos recuaram 1,2% sobre fevereiro de 2005 e somaram 859 milhões de dólares no mês passado. Já os investimentos em carteira (como ações e títulos de dívida) alcançaram 3,7 bilhões de dólares, contra 3,3 bilhões na mesma base.

Para Sandra, do BES, o destaque é a pulverização dos investimentos estrangeiros diretos. No bimestre, dos 2,656 bilhões de dólares registrados, 33,4% referem-se a operações de até 10 milhões de dólares. Outros 31,9% estão na faixa de 10 milhões a 100 milhões. Os demais 34,9% aplicam-se a projetos entre 100 e 500 milhões. "Isso mostra a constância dos investidores em relação ao Brasil", diz.

O país encerrou fevereiro com reservas internacionais de 57,4 bilhões de dólares, 491 milhões acima das de janeiro. Já a dívida externa total recuou 450 milhões, para 169 bilhões de dólares, em relação a dezembro de 2005.

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