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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h33.
A balança comercial brasileira encerrou janeiro com saldo comercial de 2,183 bilhões de dólares. O valor é recorde para um mês de janeiro, segundo o Ministério do Desenvolvimento, e representou um crescimento de 37,64% sobre igual mês do ano passado. Em relação a dezembro, porém, quando o saldo somou 3,510 bilhões, houve queda de 37,80%.
No mês passado, as exportações chegaram a 7,444 bilhões de dólares, também um recorde para o primeiro mês do ano. Na média diária, os embarques ficaram em 354,5 milhões de dólares, cifra 28,3% maior que a de janeiro de 2004. Já as importações alcançaram 5,261 bilhões de dólares. A média diária de 250,5 milhões foi 24,8% maior, na mesma comparação. Com isso, as compras do exterior avançaram num ritmo mais lento que as exportações.
Apesar de positivos, os números devem ser encarados com cautela, segundo Luiz Guilherme Piva, economista-chefe da consultoria Trevisan. "O saldo é respeitável, mas há motivos de preocupação", diz. O principal é a tendência decrescente dos superávits mensais, pressionados pelo real valorizado. Em janeiro de 2004, quando o câmbio fechou em 2,941 reais por dólar para a venda, o saldo comercial ficou em 1,586 bilhão de dólares. A tendência de fortalecimento do dólar frente ao real animou as exportações nos meses seguintes, a ponto de o superávit de junho bater em 3,801 bilhões de dólares. Nesse mesmo mês, a moeda americana fechou cotada a 3,107 reais.
Desde então, o real vem se apreciando frente ao dólar e as exportações registram superávits cada vez menores. Em novembro, o saldo comercial ficou em 2,077 bilhões, enquanto o câmbio bateu em 2,731 reais. Diante dessa tendência, dezembro pode ser considerado um ponto fora da curva, com seu superávit de 3,510 bilhões, apesar do dólar a 2,654 reais. "A tendência não é boa, porque o saldo comercial é declinante", afirma Piva.
Diversificação
No mês passado, todas as categorias de produtos apresentaram exportações recordes, segundo o Ministério do Desenvolvimento. Os manufaturados contribuíram com 4,341 bilhões de dólares, os básicos, com 1,770 bilhão e os semimanufaturados, com 1,166 bilhão. Em relação a janeiro de 2004, esses grupos de produtos apresentaram variações positivas de 46,2%, 1,7% e 18,4%, respectivamente.
Apesar de positivo, a diversificação da pauta de exportações também deve ser comemorada com moderação, de acordo com Piva. Para o economista, o destaque que alguns produtos ganharam nas vendas do último mês referem-se, sobretudo, à perda de espaço das commodities agrícolas e minerais exportadas pelo Brasil. Esse recuo foi causado pela queda de preços nos mercados internacionais, que se refletiram em menores receitas de exportação.
Os embarques de minério de ferro, por exemplo, somaram 355 milhões de dólares uma queda de 19,3% sobre janeiro de 2004. O petróleo bruto gerou 213 milhões de dólares, 7,4% menos na mesma comparação. Já o farelo de soja recuou 14,5%, para 195 milhões. "O crescimento industrial explica apenas uma parte da diversificação da pauta", diz Piva.
Para o economista, o saldo comercial deve ficar entre 25 e 26 bilhões de dólares neste ano. Mas, para que a previsão seja cumprida, Piva trabalha com um cenário em que o dólar médio é de 2,80 reais neste ano. "Abaixo disso, a geração de um bom saldo fica mais difícil", diz.