Economia

Reunião do Copom pode ter sido a última com Meirelles

Brasília - O Banco Central anunciou no início desta noite a manutenção do juro básico da economia, a taxa Selic, em 8,75% ao ano. Pouco mais da metade do mercado financeiro apostava nesse cenário. O comunicado distribuído após a decisão, porém, indica que a taxa deve subir em abril. Três dos oito votos que decidem […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

Brasília - O Banco Central anunciou no início desta noite a manutenção do juro básico da economia, a taxa Selic, em 8,75% ao ano. Pouco mais da metade do mercado financeiro apostava nesse cenário. O comunicado distribuído após a decisão, porém, indica que a taxa deve subir em abril. Três dos oito votos que decidem o rumo da Selic optaram pelo aumento de 0,50 ponto porcentual, o que levaria o juro para 9,25%.

A reunião de hoje do Comitê de Política Monetária (Copom) pode ter sido a última com a participação do presidente do BC, Henrique Meirelles, que pode deixar o cargo no fim do mês para disputar as eleições de outubro. Se isso acontecer, é provável que o diretor de Política Econômica, Mario Mesquita, também deixe o posto.

A manutenção do juro era a aposta da maioria do mercado. O placar dividido, porém, mostra que o aumento está mais próximo. "O voto dos três diretores pela alta da Selic mostra que a chance de aumento do juro em abril é praticamente de 100%", disse a economista-chefe da ICAP Brasil, Inês Filipa, que espera aumento de 0,50 ponto porcentual no próximo mês.

O argumento pela manutenção do juro é que ainda é preciso aguardar novos indicadores, principalmente de inflação, para sustentar a necessidade de aumento da Selic com o objetivo de desacelerar a atividade e, assim, reduzir a pressão nos preços. Essa parcela do mercado lembra que, apesar da recuperação da economia no fim de 2009 e da forte reação do varejo, a inflação mais alta do início do ano é sazonal e pode desacelerar nos próximos meses.

Esse é exatamente o mesmo argumento do Ministério da Fazenda que trabalhou nos bastidores para postergar a alta do juro que, a contragosto de parte do governo, é considerada algo "inevitável" no curto prazo. O discurso da Fazenda cita que a recente alta dos depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos obrigatoriamente deixam parado no BC), a elevação do superávit primário (economia orçamentária para o pagamento de juro), o fim das desonerações tributárias e a alta do juro futuro no mercado conseguirão desacelerar a economia, o que deve ajudar a segurar a inflação.

Há, ainda, uma componente política na decisão. Existe o entendimento de que Meirelles deixou a oportunidade para que seu eventual sucessor demonstre independência ao subir o juro em sua primeira reunião em abril para, assim, conquistar confiança do mercado. Além disso, há quem diga que Meirelles poderá dizer na campanha que deixou o cargo com o juro mais baixo da história. Nos bastidores, há expectativa de que o diretor de Normas do BC, Alexandre Tombini, pode ser o substituto caso Meirelles deixe o cargo.

"O BC mostrou que ainda vai esperar o IPCA de março e as prévias de abril para confirmar a deterioração dos preços", disse a economista-chefe da ICAP Brasil. Mesmo com o juro estável, ela acredita que as projeções para a inflação em 2010 e 2011, que estão subindo semana a semana, devem arrefecer. "A ata da reunião de hoje deverá ser bem conservadora, o que deve ser suficiente para ancorar as expectativas. A tendência é que o IPCA em 2011 volte para 4,50%", diz. Na segunda-feira, a pesquisa Focus do BC mostrou que o mercado espera inflação de 5,03% neste ano e 4,60% em 2011. Em ambos os casos, a projeção está acima do centro da meta de 4,50%.

 

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