Economia

Resultado do PIB reflete medidas anti inflação, avalia FGV

Para Régis Boneli, a indústria foi prejudicada não apenas pela questão cambial, com a supervalorização do real em relação ao dólar, mas por problemas estruturais

Ele lembrou que os serviços são impulsionados pelo mercado interno e acrescentou que o seu desempenho no ano revela um crescimento de atividades mais modernas (Getty Images)

Ele lembrou que os serviços são impulsionados pelo mercado interno e acrescentou que o seu desempenho no ano revela um crescimento de atividades mais modernas (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de março de 2012 às 14h59.

Rio de Janeiro - O crescimento da economia brasileira em 2011, embora tenha sido um pouco menor do que o esperado pelo mercado, não surpreendeu e refletiu um ajuste feito pelo governo para impedir o aumento da inflação. A avaliação é do economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Régis Boneli. O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado hoje (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 2,7% no ano passado.

Segundo o economista, esse ajuste afetou principalmente a indústria que, com expansão de 1,6%, teve um “desempenho pouquíssimo favorável”.

“O resultado do PIB foi [em função de] um ajuste feito sob a ameaça da inflação crescente na virada do ano [de 2010 para 2011] e isso fez com que a indústria, especialmente de transformação, andasse de lado ao longo do ano, o que resultou em um crescimento muito lento”, disse.

Para Régis Boneli, o setor foi prejudicado não apenas pela questão cambial, com a supervalorização do real em relação ao dólar, mas por problemas estruturais “que não estão sendo resolvidos”.

“Em boa medida é por causa do câmbio, especialmente na parte de bens de consumos, já que os importados aumentaram sua presença [no país]. Mas é ingênuo pensar que, se o Brasil tivesse com câmbio competitivo, os problemas da indústria estariam resolvidos. O setor tem que enfrentar diversas outras dificuldades, como custo do transporte, custos trabalhistas, problemas de logística, de escoamento e alta carga tributária”, ressaltou.

Boneli destacou que, mais uma vez, a economia brasileira foi sustentada pelos serviços que, embora tenham crescido 2,7%, menos do que a agropecuária (3,9%), têm um peso maior na formação do PIB. Ele lembrou que os serviços são impulsionados pelo mercado interno e acrescentou que o seu desempenho no ano revela um crescimento de atividades mais modernas, como os serviços de informação, que registraram expansão de 4,9% em 2011, segundo o IBGE.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEstatísticasFGV - Fundação Getúlio VargasIBGEIndicadores econômicosPIB

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto