Restrições ao futuro do Brasil como líder agrícola
Koike acha que o Brasil pode se tornar o “grande superpoder” agrícola do mundo, mas para isso precisa resolver alguns problemas não desprezíveis
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2013 às 17h01.
Agência FAPESP – A relação entre economia, agricultura , energia e meio ambiente no Brasil foi o tema de duas das palestras do Simpósio Brasil-Japão sobre Colaboração Científica, promovido pela FAPESP e pela Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência (JSPS) nos dias 15 e 16 de março, em Tóquio.
Joaquim Guilhoto, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), abriu o debate sobre o assunto com uma exposição que partiu da agricultura familiar para chegar ao problema das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
Guilhoto mostrou que a agricultura familiar no país pode ter muitos efeitos positivos, como absorver mão de obra, reduzir o êxodo rural e as pressões sobre os grandes centros urbanos e contribuir para a geração de renda. Mas a análise do desempenho da agricultura familiar em comparação com o da agricultura de empresas mostra que a eficiência daquela é muito menor do que a desta.
De acordo com Guilhoto, políticas públicas para aumentar a competitividade da agricultura familiar no Brasil podem ter bons resultados, em especial as que proporcionem educação formal e acesso ao crédito.
“A produção agrícola nacional é uma das responsáveis pelo fato de o Brasil ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com apenas 37,3% dependente de combustíveis fósseis. A biomassa representa 31,5%”, disse.
Apesar dessa característica tão positiva, afirmou Guilhoto, o Brasil é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa (o quarto, depois de China, Estados Unidos e União Europeia).
“E isso também tem a ver com a atividade agrícola, já que a razão para essas emissões são as mudanças de uso da terra e o desflorestamento, este causado em grande parte pela utilização de suas terras para pecuária e plantação de soja e cana-de-açúcar”, disse.
Yoichi Koike, professor de economia da Universidade Ritsumeikan, no Japão, foi o expositor seguinte, e tocou em muitos dos mesmos pontos abordados antes por Guilhoto.
Koike acha que o Brasil pode se tornar o “grande superpoder” agrícola do mundo, mas para isso precisa resolver alguns problemas não desprezíveis, entre eles o de incluir trabalhadores agrícolas pobres e garantir a sustentabilidade do meio ambiente.
“A agricultura brasileira vem se tornando mais produtiva, mais mecanizada e a intensidade de capital no setor está crescendo. Mas o número total de trabalhadores rurais tem decrescido”, disse.
Entre as restrições ao futuro promissor do Brasil como líder mundial na agricultura, Koike citou os problemas de infraestrutura em geral e de transporte especificamente, o pequeno valor agregado de seus produtos finais, o pequeno poder de marca desses produtos, a exclusão de trabalhadores rurais pobres, questões de segurança de alimentos e ameaças ambientais.
Koike destacou o efeito dominó que leva áreas de pastagem e de soja para o Cerrado (devido à ocupação das zonas antes a elas dedicadas para a cana-de-açúcar) e depois do Cerrado para a Amazônia, tendo como efeito final o desflorestamento e suas consequências. Entre essas consequências, estão as emissões de gases de efeito estufa, o ressecamento do Cerrado, o aumento da intensidade e frequência de chuvas em várias regiões.
Agência FAPESP – A relação entre economia, agricultura , energia e meio ambiente no Brasil foi o tema de duas das palestras do Simpósio Brasil-Japão sobre Colaboração Científica, promovido pela FAPESP e pela Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência (JSPS) nos dias 15 e 16 de março, em Tóquio.
Joaquim Guilhoto, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), abriu o debate sobre o assunto com uma exposição que partiu da agricultura familiar para chegar ao problema das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
Guilhoto mostrou que a agricultura familiar no país pode ter muitos efeitos positivos, como absorver mão de obra, reduzir o êxodo rural e as pressões sobre os grandes centros urbanos e contribuir para a geração de renda. Mas a análise do desempenho da agricultura familiar em comparação com o da agricultura de empresas mostra que a eficiência daquela é muito menor do que a desta.
De acordo com Guilhoto, políticas públicas para aumentar a competitividade da agricultura familiar no Brasil podem ter bons resultados, em especial as que proporcionem educação formal e acesso ao crédito.
“A produção agrícola nacional é uma das responsáveis pelo fato de o Brasil ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com apenas 37,3% dependente de combustíveis fósseis. A biomassa representa 31,5%”, disse.
Apesar dessa característica tão positiva, afirmou Guilhoto, o Brasil é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa (o quarto, depois de China, Estados Unidos e União Europeia).
“E isso também tem a ver com a atividade agrícola, já que a razão para essas emissões são as mudanças de uso da terra e o desflorestamento, este causado em grande parte pela utilização de suas terras para pecuária e plantação de soja e cana-de-açúcar”, disse.
Yoichi Koike, professor de economia da Universidade Ritsumeikan, no Japão, foi o expositor seguinte, e tocou em muitos dos mesmos pontos abordados antes por Guilhoto.
Koike acha que o Brasil pode se tornar o “grande superpoder” agrícola do mundo, mas para isso precisa resolver alguns problemas não desprezíveis, entre eles o de incluir trabalhadores agrícolas pobres e garantir a sustentabilidade do meio ambiente.
“A agricultura brasileira vem se tornando mais produtiva, mais mecanizada e a intensidade de capital no setor está crescendo. Mas o número total de trabalhadores rurais tem decrescido”, disse.
Entre as restrições ao futuro promissor do Brasil como líder mundial na agricultura, Koike citou os problemas de infraestrutura em geral e de transporte especificamente, o pequeno valor agregado de seus produtos finais, o pequeno poder de marca desses produtos, a exclusão de trabalhadores rurais pobres, questões de segurança de alimentos e ameaças ambientais.
Koike destacou o efeito dominó que leva áreas de pastagem e de soja para o Cerrado (devido à ocupação das zonas antes a elas dedicadas para a cana-de-açúcar) e depois do Cerrado para a Amazônia, tendo como efeito final o desflorestamento e suas consequências. Entre essas consequências, estão as emissões de gases de efeito estufa, o ressecamento do Cerrado, o aumento da intensidade e frequência de chuvas em várias regiões.