Festa acabou e ressaca chegou para o Brasil, diz Roubini
Em artigo, economista diz que desaceleração chinesa expôs fragilidades dos emergentes e que partido republicano promove "jihad contra os gastos do governo"
João Pedro Caleiro
Publicado em 2 de setembro de 2013 às 19h01.
São Paulo - Enquanto o hemisfério sul se prepara para a primavera, o hemisfério norte espera a chegada do outono. De acordo com artigo publicado neste final de semana por Nouriel Roubini no Project Syndicate, a economia global será afetada por uma série de "conhecidos desconhecidos" - riscos antecipados, mas que ninguém sabe onde vão dar.
O economista, que ficou famoso por prever a crise de 2008, lembra que setembro será um mês de debate intenso no Congresso americano, e não apenas por causa da decisão do presidente Obama de pedir autorização para uma intervenção militar na Síria. Os congressistas precisam votar também se aceitam financiar as atividades do governo e se concordam em elevar o teto da dívida.
Se não chegarem a um acordo sobre o orçamento, as funções do governo podem ser temporariamente interrompidas. Se o teto da dívida não for elevado, isso pode significar um calote dos títulos americanos e o colapso do sistema financeiro global.
Segundo Roubini, há uma complacência com este risco: "os investidores parecem subestimar o quão disfuncional se tornou a política nacional americana. Com uma maioria do partido republicano em uma jihad contra o gasto governamental, explosões fiscais não podem ser descartadas neste outono."
Emergentes
Além de citar a incerteza em relação às políticas do FED e a sucessão de Ben Bernanke, Roubini nota que a desaceleração chinesa levou ao fim do boom "parcialmente artificial" dos países emergentes :
"Agora que a festa acabou, a ressaca está se instalando. Isso é especialmente verdadeiro na Índia, Brasil, Turquia, África do Sul e Indonésia. Todos eles sofrem de múltiplas fraquezas macroeconômicas e de políticas - altos déficits em conta corrente, grandes déficits fiscais, crescimento desacelerado, inflação acima da meta - além de crescentes protestos e incerteza política antes das eleições nos próximos 12 a 18 meses", completa.
Para Roubini, não há escolhas fáceis, porque aumentar taxas de juros derrubaria o crescimento, e uma política monetária mais frouxa poderia levar a uma queda ainda maior do câmbio, além de afastar o capital estrangeiro.
São Paulo - Enquanto o hemisfério sul se prepara para a primavera, o hemisfério norte espera a chegada do outono. De acordo com artigo publicado neste final de semana por Nouriel Roubini no Project Syndicate, a economia global será afetada por uma série de "conhecidos desconhecidos" - riscos antecipados, mas que ninguém sabe onde vão dar.
O economista, que ficou famoso por prever a crise de 2008, lembra que setembro será um mês de debate intenso no Congresso americano, e não apenas por causa da decisão do presidente Obama de pedir autorização para uma intervenção militar na Síria. Os congressistas precisam votar também se aceitam financiar as atividades do governo e se concordam em elevar o teto da dívida.
Se não chegarem a um acordo sobre o orçamento, as funções do governo podem ser temporariamente interrompidas. Se o teto da dívida não for elevado, isso pode significar um calote dos títulos americanos e o colapso do sistema financeiro global.
Segundo Roubini, há uma complacência com este risco: "os investidores parecem subestimar o quão disfuncional se tornou a política nacional americana. Com uma maioria do partido republicano em uma jihad contra o gasto governamental, explosões fiscais não podem ser descartadas neste outono."
Emergentes
Além de citar a incerteza em relação às políticas do FED e a sucessão de Ben Bernanke, Roubini nota que a desaceleração chinesa levou ao fim do boom "parcialmente artificial" dos países emergentes :
"Agora que a festa acabou, a ressaca está se instalando. Isso é especialmente verdadeiro na Índia, Brasil, Turquia, África do Sul e Indonésia. Todos eles sofrem de múltiplas fraquezas macroeconômicas e de políticas - altos déficits em conta corrente, grandes déficits fiscais, crescimento desacelerado, inflação acima da meta - além de crescentes protestos e incerteza política antes das eleições nos próximos 12 a 18 meses", completa.
Para Roubini, não há escolhas fáceis, porque aumentar taxas de juros derrubaria o crescimento, e uma política monetária mais frouxa poderia levar a uma queda ainda maior do câmbio, além de afastar o capital estrangeiro.