Economia

Resgate da Grécia pede apoio contra austeridade

Com a Grécia indo às urnas em 6 de maio, o jovem líder do partido Coalizão da Esquerda está pedindo que os gregos não votem a favor da austeridade

A ascensão dos partidos antiresgate como a Coalizão de Esquerda está sendo observada com nervosismo pelos líderes europeus e do FMI (Yannis Behrakis/Reuters)

A ascensão dos partidos antiresgate como a Coalizão de Esquerda está sendo observada com nervosismo pelos líderes europeus e do FMI (Yannis Behrakis/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de abril de 2012 às 14h01.

Volos - Alexis Tsipras afirma que a elite política da Grécia está blefando quando diz que medidas duras de austeridade são necessárias para manter o país na zona do euro. E ele quer que os eleitores gregos o apoiem nessa ideia.

Com a Grécia indo às urnas em 6 de maio, o jovem líder do partido Coalizão da Esquerda está pedindo que os gregos não votem a favor da austeridade - e dos dois partidos pró-resgate que a impõem - argumentando que a Europa não pode se dar ao luxo de chutar a Grécia para fora da união monetária.

"É um pseudo-dilema, um mito fabricado, que o nosso futuro na zona do euro está em risco. É chantagem dos partidos pró-resgate, uma ferramenta para pressionar as pessoas a aceitar medidas que trazem miséria", disse ele à Reuters nesta cidade portuária na Grécia central.

"Se algum país deixar o euro sob pressão dos mercados, então, como um rebanho eles iriam buscar a próxima nação para especular a respeito. O custo para a zona, para a Alemanha, seria enorme", afirmou ele.

A retórica pode encontrar pouca simpatia entre os credores internacionais da Grécia, mas ele está ganhando eleitores em casa. O partido do esquerdista de 38 anos é um dos quatro que disputam o terceiro lugar nas eleições nacionais em 6 de maio.

Prometendo congelar os pagamentos aos credores e renegociar as políticas de austeridade incluídas no pacote de resgate mais recente da Grécia, o partido de Tsipras deve obter de 9 a 13 por cento dos votos.

A ascensão dos partidos antiresgate como a Coalizão de Esquerda está sendo observada com nervosismo pelos líderes europeus e do FMI, que temem que eles possam evitar que os grandes partidos do país consigam apoio suficiente para montar uma coalizão pró-resgate.


Os dois principais partidos que apoiam o socorro financeiro, o conservador Nova Democracia e o socialista Pasok, são vistos como a única opção viável para avançar com as reformas exigidas pelos credores estrangeiros em troca de ajuda para evitar a falência.

Mas Tsipras está apelando aos partidos de esquerda para enterrar suas diferenças e se unir para derrubar os dois maiores partidos, os principais participantes da política grega desde 1974.

Até agora ninguém comprou a ideia, mas ele diz que os resultados na noite da eleição poderiam mudar isso.

"Se em 7 de maio houver um potencial para formar uma maioria parlamentar com os partidos da esquerda - o comunista KKE, a Esquerda Democrática e o partido Verde - será muito difícil para eles dizer não apesar da resistência agora", disse Tsipras.

O KKE já descartou qualquer cooperação.

As últimas pesquisas publicadas antes do prazo de 20 de abril para a troca de dívida por investidores mostraram que o Pasok e o Nova Democracia combinados teriam uma votação de 33,6 a 44 por cento, sugerindo que eles devem ganhar a maioria dos 300 lugares no parlamento sob o sistema de votação grego.

Mas a perda de qualquer apoio adicional deixaria o cenário político em desordem e colocaria os partidos de esquerda em uma posição de força.

Os partidos esquerdistas contra o resgate - o KKE, a Esquerda Democrática e a Coalizão de Esquerda de Tsipras -, juntos, devem levar entre 21,2 e 33,5 por cento dos votos.

Salários búlgaros, preços de Bruxelas

Engenheiro civil por formação e mais jovem líder político do país, Tsipras emergiu na cena política em 2006, quando ele conquistou o terceiro lugar na corrida à prefeitura de Atenas.

Nascido quatro dias após a queda da ditadura militar na Grécia, em julho de 1974, ele tornou-se líder da Coalizão de Esquerda em 2008 e foi eleito para o parlamento em 2009. O partido foi fundado em 1992, após a fragmentação de um grupo de esquerda que incluía o KKE.

"O dilema é se vamos continuar essa política destrutiva de austeridade que traz pobreza ou se nós colocamos um fim nisso. Eles querem transformar a Grécia em um país com salários em níveis búlgaros e preços nos níveis de Bruxelas", disse ele no comício em Volos.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaCrise gregaEuropaGréciaPiigs

Mais de Economia

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega