Relatório de projeto que altera BPC e salário mínimo será apresentado na próxima semana, diz Tebet
Relator do projeto, Isnaldo Bulhões (MDB), afirma que votação pode ocorrer também já na próxima semana
Agência de notícias
Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 19h47.
O relatório do projeto de lei que muda os critérios de reajuste do salário mínimo e de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) deve ser apresentado na próxima semana. O relator do texto, o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), também disse que há expectativa de votar o texto na próxima semana. Isnaldo foi escolhido ontem à noite para relatar o projeto, que faz parte de um pacote de contenção do ritmo de crescimento das despesas públicas articulado pelo governo. Para debater sobre o texto, o relator reuniu a bancada do MDB, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet .
Após a reunião, a ministra declarou que o relatório de Isnaldo deve ser apresentado na próxima semana. "Acredito que na semana que vem", afirmou Simone Tebet.
Tebet também disse que o texto foi bem recebido pela bancada do partido, mas mencionou as resistências que têm sido observadas, pela bancada do PT, em mudar os critérios de concessão do BPC.
"No MDB, a responsabilidade fiscal para cumprir o social sempre esteve presente. A única cobrança do MDB é que nós queremos ver o texto, adequar o texto. Sabemos a importância disso na vida das pessoas, na inflação. E querem (os deputados do MDB ), obviamente, falo como emedebista e ouvindo o MDB, saber qual vai ser a posição da bancada do PT. O PT vai ter o voto? Vai garantir?", disse.
Segundo a ministra, até a ala oposicionista do MDB se mostrou colaborativa com o projeto.
"Eu ouvi de deputados do MDB que nem são governistas, que de uma certa forma fazem oposição: 'Nós temos três questões, não podemos dizer não porque a ministra do orçamento é do MDB, o líder do MDB é o relator e o documento oficial do MDB fala em responsabilidade fiscal'. Então não precisa falar mais nada".
Governo se mostra flexível, mas com cuidado fiscal
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda indicou que o governo pode aceitar mudanças no texto, mas destacou que é preciso se preocupar em não reduzir o impacto fiscal que o texto precisa trazer no alívio das contas públicas.
"Tem chegado a preocupação do BPC e é natural. O que a gente ouviu na bancada do MDB é que os pontos centrais da política do BPC, a condição das pessoas, isso nada muda. O que estamos fazendo aqui é uma espécie de controle para fortalecer e valorizar a política, dando força a quem mais precisa", declarou.
"Evidente que estamos abertos, com a sensibilidade que o governo tem, o líder Isnaldo tem, a ministra Simone tem, de ouvir as preocupações do BPC. Se para votar o pacote a gente precisar fazer um ajuste de sensibilidade dentro do BPC, que resguarde o impacto fiscal, resguarde a economia que estamos projetando para o país, isso pode muito bem ser feito e isso vai ser conduzido agora pelo relator, o líder Isnaldo, a quem confio muito", completou.
Relator busca consenso para aprovação do texto
Por sua vez, Isnaldo afirmou que apresentará o texto “possível de ser aprovado”.
"Vamos construir o texto possível de ser aprovado, que atenda a intenção dos legisladores e garanta a responsabilidade fiscal e de ajuste que a população, o mercado e o governo têm sua expectativa".
O líder partidário também declarou que espera que na semana que vem a Câmara avance com o projeto.
"O debate foi muito tranquilo. Foram colocados pontos de forma muito clara e agora é a discussão permanente para que, partindo da bancada do MDB, a gente venha a amadurecer o texto para que, na próxima semana, a gente avance na sua tramitação".
Dificuldades enfrentadas pelo governo na Câmara
A votação do pacote tem passado por dificuldades na Câmara. Há uma insatisfação do Congresso com uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino que tem bloqueado emendas parlamentares e isso tem travado o andamento das iniciativas, mas o governo tenta contornar a crise e editou ontem uma portaria que facilita a liberação das emendas.
Além disso, há também uma dificuldade de parte dos parlamentares em mudar a forma como são concedidos benefícios sociais.
Deputados do PT e de outros partidos, que incluem a base e a oposição, resistem a mexer na forma como é liberado o Benefício de Prestação Continuada, que é o pagamento de um salário mínimo por mês a idosos de baixa renda e portadores de deficiência.
O governo incluiu no projeto, que é relatado pelo líder do MDB, trechos que alteram os cálculos de renda pessoal e familiar, que definem se determinado candidato tem ou não direito ao BPC.
Para ter direito ao BPC, é preciso que a família tenha uma renda per capita de no máximo 25% do salário mínimo (hoje o equivalente a R$ 353 por mês). Em uma das alterações, o projeto diz que se a família já tiver outro beneficiário do BPC ou aposentadoria, o valor recebido por ele passa a entrar na conta para apuração da renda familiar per capita.
Hoje, de acordo com a lei aprovada em 2020, o benefício de prestação continuada ou o benefício previdenciário não é computado, para fins de concessão do benefício, no cálculo da renda. O projeto atual do governo, porém, revoga essa autorização, incluindo novamente outros benefícios recebidos no cálculo geral da renda familiar.
O pacote fiscal também inclui outro projeto de lei, que permite o bloqueio de emendas, e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda regras do abono salarial.