Relator da LDO entrega relatório alterando metas fiscais
As metas fiscais do setor público consolidado de 2017 e 2018 passaram para um déficit primário de 163,1 bilhões de reais
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de agosto de 2017 às 19h15.
Última atualização em 25 de agosto de 2017 às 21h18.
Brasília - O relator do projeto de lei que muda as metas fiscais de 2017 e 2018, deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), deu parecer favorável à aprovação da proposta encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional .
A iniciativa passa a prever rombos de R$ 159 bilhões para este e o próximo ano, ante déficits de R$ 139 bilhões em 2017 e de R$ 129 bilhões em 2018.
"A medida proposta é necessária diante do cenário fiscal adverso por que passa o País", afirmou Pestana no parecer apresentado nesta sexta-feira, 25, à Comissão Mista de Orçamento (CMO).
A intenção do governo é aprovar a mudança até o fim deste mês para conseguir liberar recursos deste ano e também já enviar o projeto de Orçamento de 2018 nos novos moldes. A data-limite para apresentação da peça orçamentária do ano que vem é 31 de agosto.
A CMO prevê votar o projeto de mudança nas metas deste e do próximo ano na próxima terça-feira (29). Depois, é preciso que o texto seja apreciado pelo plenário do Congresso Nacional.
Segundo o relator, as perspectivas para as finanças do governo central (que reúne as contas do Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central) no curto prazo são "desanimadoras", diante dos efeitos da desaceleração da atividade econômica sobre a arrecadação.
Em relação à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano, a frustração de receitas já soma R$ 50,772 bilhões, destacou Pestana.
"Nova avaliação será encaminhada ao Congresso em 22 de setembro e a frustração na estimativa de receitas se mostrará mais evidente devido ao desempenho ruim no mês de julho e ao impacto causado pela postergação/indefinição de medidas de aumento de arrecadação, algumas das quais pendentes de decisão no Legislativo", disse Pestana.
Entre as indefinições está o texto do programa de parcelamento de débitos tributários, o Refis, que ainda passa por negociações no Congresso Nacional.
A expectativa do governo era arrecadar R$ 13 bilhões neste ano com a iniciativa, mas esse valor deve diminuir com os ajustes planejados pelo governo para reduzir as resistências entre os parlamentares.
"Permanece o risco de o devedor decidir aguardar que as condições melhorem em lei de conversão", destacou Pestana no parecer sobre a mudança das metas. Segundo o tucano, o governo busca uma "solução equilibrada", que atenda tanto às demandas dos parlamentares quanto às necessidades do governo.
O relator ainda chamou a atenção para o fraco desempenho na arrecadação de tributos relacionados à atividade econômica e o aumento da compensação de prejuízos, o que também reduz o recolhimento de impostos.
"Os cofres públicos já sofrem também o impacto financeiro negativo da decisão do STF de excluir o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins, cuja estimativa de perda anualizada pode chegar a R$ 20 bilhões", diz o relator.
Ao acatar o projeto do governo, Pestana também recomendou a rejeição de todas as emendas apresentadas pelos parlamentares. A maioria delas visava a restaurar pontos vetados pelo Executivo na LDO de 2018.
A enorme quantidade de vetos detonou mais uma crise entre o governo e o Legislativo, como antecipou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, e colocou em risco inclusive a votação da mudança nas metas.
O relator sinalizou com um "voto de confiança" ao governo, que prometeu reverter parte dos vetos encaminhando outro projeto de lei dedicado a esse fim.
Porém, fez questão de registrar o compromisso no relatório sobre a mudança nos objetivos fiscais de 2017 e 2018.
"Entendemos que a discussão dos vetos presidenciais está bem encaminhada e que poderá ser oportunamente abordada em projeto de lei a ser encaminhado até o final do mês, conforme assegurado, em 22 de agosto, pelos senhores Ministros da Fazenda e do Planejamento, que aqui compareceram em reunião com representantes da Comissão Mista de Orçamento", diz o relatório.