Economia

Reino Unido se une à Alemanha e rejeita obstrução a acordo UE-Mercosul

"Há todo tipo de pessoa que usará qualquer desculpa para interferir no comércio e frustrar os acordos comerciais, e eu não quero isso", disse o premiê

G7: representantes dos países mais ricos do mundo se reúnem na França para cúpula do G7 (Christian Hartmann/Reuters)

G7: representantes dos países mais ricos do mundo se reúnem na França para cúpula do G7 (Christian Hartmann/Reuters)

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Reuters

Publicado em 24 de agosto de 2019 às 15h33.

Biarritz — O Reino Unido uniu-se à Alemanha neste sábado ao criticar a decisão do presidente francês, Emmanuel Macron, de obstruir um acordo comercial entre a União Europeia e o grupo Mercosul dos países sul-americanos para pressionar o Brasil contra incêndios florestais na Amazônia.

Em uma declaração surpresa na sexta-feira, Macron disse que havia decidido se opor ao acordo UE-Mercosul e acusou o presidente brasileiro Jair Bolsonaro de mentir quando minimizou as preocupações com as mudanças climáticas.

Depois de desembarcar no balneário francês de Biarritz, acontece uma cúpula de países do G7, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, criticou a decisão, um dia depois que o escritório da chanceler alemã Angela Merkel fez o mesmo em Berlim.

"Há todo tipo de pessoa que usará qualquer desculpa para interferir no comércio e frustrar os acordos comerciais, e eu não quero ver isso", disse Johnson a repórteres.

Na sexta-feira, um porta-voz de Merkel disse que não concluir o acordo comercial com os países Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai do Mercosul "não é a resposta apropriada para o que está acontecendo no Brasil agora".

"A não conclusão do acordo do Mercosul não ajudaria a reduzir a destruição das florestas no Brasil", acrescentou o porta-voz.

Uma autoridade do escritório de Macron disse que o líder francês mais tarde explicou sua posição a Merkel. "É algo que o presidente explicou para a chanceler para que ela entenda a posição que ele assumiu ontem e é algo que ela entendeu muito bem", disse.

Na quinta-feira, Macron e o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressaram preocupação com os incêndios que assolam a Amazônia, mas Bolsonaro respondeu irritado ao que ele considerava intromissão.

O escritório de Macron disse na sexta-feira que as decisões de Bolsonaro nas últimas semanas mostraram que ele decidiu não respeitar os compromissos climáticos que assumiu com a França na última cúpula do G20 em Osaka, Japão.

"O presidente só pode concluir que o presidente Bolsonaro mentiu para ele durante a cúpula de Osaka", acrescentou o Palácio do Eliseu.

Bolsonaro rejeitou o que chama de interferência estrangeira nos assuntos internos do Brasil, onde vastas extensões da floresta amazônica estão em chamas. Ele disse que o exército poderia ser enviado para ajudar a combater os incêndios.

Os ambientalistas culparam o desmatamento pelo aumento de incêndios e acusam o presidente de direita de relaxar a proteção de uma vasta armadilha de carbono e fator climático crucial para combater a mudança climática global.

A França há muito expressa reservas sobre o acordo com o Mercosul, com Macron alertando em junho que ele não assinaria se Bolsonaro desistisse do acordo climático de Paris.

A França está preocupada com o impacto em sua vasta indústria agrícola das importações da América do Sul, que não teriam que respeitar os rígidos regulamentos ambientais da UE.

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