Economia

Reino Unido entrou em recessão em 2023, apontam dados oficiais

Resultados são ruins para o premiê Rishi Sunak, que fez do crescimento uma das promessas de campanha

Crise atual deve ser mais curta e moderada do que a recessão de 2008 (AFP/AFP)

Crise atual deve ser mais curta e moderada do que a recessão de 2008 (AFP/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 15 de fevereiro de 2024 às 05h52.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2024 às 07h24.

O Reino Unido entrou oficialmente em recessão no ano passado, segundo dados divulgados pelo governo britânico. O PIB encolheu 0,3% entre outubro e dezembro, de acordo com o Gabinete de Estatísticas Nacionais. Foi uma queda mais acentuada do que o esperado por economistas, que previam um recuo de 0,1%.

O resultado vem depois de um PIB negativo de 0,1% no terceiro trimestre de 2023. Ou seja, com dois trimestres consecutivos de queda na economia, já fica caracterizada uma recessão.

Os dados, vale ressaltar, estão sujeitos à revisão conforme mais informações ficam disponíveis. No entanto, não deixa de ser uma notícia que preocupa o mercado.

Embora as recessões anteriores, como a da crise financeira global de 2008 e 2009, tenham durado mais, a crise atual provavelmente será moderada e de curta duração.

O quadro pode levar o Banco da Inglaterra a antecipar o corte na taxa de juros (hoje em 5,25%), já que os sinais mostram que a política monetária do momento pode estar afetando a economia.

Os resultados são ruins também para o primeiro-ministro Rishi Sunak, que fez do crescimento da economia uma de suas principais promessas de campanha.

Em resposta aos dados, o chanceler Jeremy Hunt afirmou em nota oficial: "A inflação elevada é a maior barreira ao crescimento e é por isso que reduzi-la para metade tem sido a nossa principal prioridade. Embora as taxas de juro sejam altas, o crescimento baixo não é uma surpresa.

"Mas há sinais de que a economia britânica está entrando em um novo momento: o crescimento deve se fortalecer ao longo dos próximos anos, os salários estão subindo mais rápido do que os preços, as hipotecas estão em baixa e o desemprego permanece baixo. Embora os tempos ainda sejam difíceis para muitas famílias, devemos seguir o plano - reduzir os impostos sobre o trabalho e as empresas para construir uma economia mais forte."

Inflação, clima e greve dificultam crescimento

A inflação elevada (se manteve em 4% em janeiro) corroeu o poder de compra dos britânicos, que sofrem com os preços de energia, por exemplo. Além disso, o clima também tem sido um fator importante para o resultado ruim do PIB. As chuvas ficaram muito acima da média nos últimos meses de 2023, o que prejudicaram vários setores da economia, como a construção.

As greves também atingiram a produtividade local, já que as paralisações prejudicaram tanto os setores público quanto o privado ao longo do ano passado.

A economia do Reino Unido também enfrenta ecos da pandemia, já que muitas pessoas desenvolveram a chamada covid longa e com isso deixaram de trabalhar ou de procurar emprego mesmo no momento em que o a infecção pelo vírus diminuía e os confinamentos eram suavizados.
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