Líderes garantem que a análise da matéria terá até 90 dias (Roque de Sá/Agência Senado)
Agência de notícias
Publicado em 10 de julho de 2023 às 19h19.
Após uma série de mudanças de última hora na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados, senadores prometem que a tramitação na Casa será mais cuidadosa e consideram enviar o texto à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), além da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Líderes garantem que a análise da matéria terá até 90 dias.
"É um sentimento do Senado, discutir o tema em duas comissões, mas dentro de um prazo razoável, de 60 a 90 dias. O texto foi apresentado em uma semana e na outra já foi a votação. A discussão ficou limitada e muitas mudanças entraram de última hora. Será missão do senado avaliar melhor", disse o líder do bloco MDB, União, PDT, Podemos e PSDB, Efraim Filho (União-PB).
Entre as principais alterações que os senadores querem fazer no texto, está a retirada do critério populacional como fator decisivo no Conselho Federativo. O texto da Câmara prevê que o grupo de estados vencedor em deliberações precisará representar 60% da população brasileira. Caso a maioria da população esteja com o grupo perdedor, esse poderá ter poder de veto.
O Conselho Federativo vai gerir o Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), união do ICMS e ISS.
"Queremos recuperar o equilíbrio nessa relação entre as regiões e não usar o critério populacional", destacou Efraim.
Além da mudança no órgão de controle, os senadores do Nordeste também querem acrescentar um artigo que foi derrubado na Câmara e permitia que novos incentivos fiscais sejam assinados por estados até 2025. Mas a validade máxima dos benefícios ainda seria até 2032.
A medida é vista como uma forma garantir o recente processo de atração de empresas na região, principalmente montadoras de veículos que abriram plantas de fábricas nos últimos meses.
Ao menos cinco nomes de possíveis relatores da matéria já circulam no Senado: Eduardo Braga (MDB-AM), Cid Gomes (PDT-CE), Weverton Rocha (PDT-MA), Davi Alcolumbre (União-AP) e Efraim Filho (União-PB). Todos pertencem ao bloco partidário com maior força no Senado, com as legendas MDB, União, PDT, Podemos e PSDB.
Outro trecho que tem incomodado governistas é a possibilidade de alíquota diferenciada para serviços financeiros e planos de saúde. Os parlamentares argumentam que foi aberta uma brecha para que as empresas possam cobrar valores muito altos de impostos, longe das alíquotas de referência.
A supressão de trechos da PEC não levam a necessidade da proposta retornar à Câmara. Mas a alteração na redação, como deve ocorrer com o Conselho Federativo, obriga os deputados a chancelar ou não a mudança.
O líder da maioria, Renan Calheiros (MDB-AL), considera possível um fatiamento da PEC, aprovando o que for de consenso com a Câmara e deixando as modificações para um texto paralelo, com tramitação iniciando no Senado.
"Podemos fazer o que foi feito na reforma da Previdência, aprovamos o que for consensual e promulgamos a PEC. O que não for consenso colocamos em uma PEC paralela", cogitou Renan Calheiros.