Economia

Reforma do IR: relator avalia escalonar redução do imposto de empresas

Deputado Celso Sabino disse a secretários que estuda ‘gatilho’ para redução do IRPJ

 (Carla Nichiata/Getty Images)

(Carla Nichiata/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 29 de julho de 2021 às 21h25.

Última atualização em 29 de julho de 2021 às 21h26.

Pressionado pelos governadores, o relator da reforma do Imposto de Renda, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), avalia novas mudanças na proposta, considerada a segunda etapa da reforma tributária.

  • Entenda como as decisões da Câmara e do Senado afetam seus investimentos. Assine a EXAME.

Em reunião nesta quinta-feira com secretários estaduais de Fazenda, ele disse que avalia a criação de gatilhos para reduzir o IR da Pessoa Jurídica.

O objetivo das mudanças é reduzir resistências dos estados, que temem perder arrecadação com a reforma. Governadores começaram a se mobilizar contra a proposta.

No encontro, Sabino disse que estuda propor uma redução menor do IRPJ, caso a arrecadação de imposto fique abaixo da inflação. Nesse cenário, a queda seria de 7,5 pontos percentuais (p.p.) no IRPJ no próximo ano. O imposto cairia de 25% para 17,5%.

Além disso, haveria uma redução de 2,5 p.p. por ano em 2023 e 2024, totalizando uma redução de 12,5 p.p. Esse cenário só seria concretizado com uma arrecadação abaixo da inflação.

Caso a arrecadação seja maior que a inflação, vale o que está no texto atual do relator: uma queda de 10 p.p em 2022 e de mais 2,5 p.p. em 2023.

Esse foi o “gatilho” citado por Sabino após uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quarta-feira. O mecanismo desenhado pelo relator é uma maneira de garantir que a redução de imposto para as empresas não representará uma queda de receitas para os demais entes da Federação.

Sabino também disse que apresentará cálculos para provar que a reforma não irá reduzir a arrecadação dos estados e dos municípios. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também tem negado a possibilidade de a reforma, que ele apoia, prejudique os estados.

O texto deve ser apresentado na próxima terça-feira na reunião de líderes. O objetivo de Lira é votar o assunto já na próxima semana.

Os governadores calculam uma perda de R$ 27 bilhões para estados e municípios com o texto apresentado pelo relator para a reforma do IR.

As perdas ocorreriam em duas frentes. Primeiro porque a arrecadação com o IRPJ é compartilhada com estados e municípios por meio dos fundos de participação (FPE e FPM). E depois porque a reforma também prevê o reajuste na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Parte do IRPF de servidores retido na fonte fica com estados e municípios.

Após a insatisfação dos governadores, o relator se encontrou com secretários locais nesta quinta-feira. O encontro foi considerado positivo por pessoas que participaram da conversa.

Os secretários chegaram a propor reduzir a CSLL (que tem alíquota de 9%), no lugar do IRPJ, mas isso o governo e o relator não concordam. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido é parte das receitas da Seguridade Social e a sua redução ampliaria o rombo da Previdência.

O deputado ficou de enviar um texto preliminar para a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e para o Comitê Nacional de Secretários da Fazenda dos Estados e Distrito Federal (Comsefaz) mostrando o mecanismo.

O presidente do Comsefaz, Rafael Fonteles, disse que só falaria após ter acesso ao texto do relator, mas elogiou a reunião.

A proposta inicial do governo era que o projeto teria impacto neutro, sem aumentar nem reduzir a arrecadação. Haveria uma queda de 2,5 p.p em 2022 e 2023. Após críticas dos empresários, o relator cortou o imposto sobre o lucro das pessoas jurídicas (o IRPJ) de 25% para 12,5%. A maior parte desse valor será compensado pela criação de imposto sobre dividendos e fim de algumas desonerações.

Os cortes de incentivos tributários propostos pelo relator para determinados setores, como o de aeronaves e farmacêutico, que trarão receita extra só para o governo federal, pois são contribuições não compartilháveis.

Sabino tem defendido que a arrecadação crescerá junto com a atividade econômica causada pela redução da carga tributária e que, por isso, Estados e municípios não terão perdas. Porém, prometeu criar mecanismos para evitar as perdas.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosEmpresasImposto de Renda 2021ImpostosReforma tributária

Mais de Economia

Petrobras anuncia redução nos preços do gás natural

Vai faltar arroz por causa do RS? Supermercados dizem que não. Preço sobe 7,21% este ano

Entenda o que é viés doméstico - e por que isso pode ser ruim para os seus investimentos

OPINIÃO | Copom: ônus sem bônus

Mais na Exame