Economia

Recuperação econômica será gradual e precisa de reformas, diz Campos Neto

O presidente do Banco Central falou sobre a venda de ativos públicos para a sustentabilidade fiscal do país

Banco Central: Roberto Campos Neto afirmou que o Estado precisa reduzir seu tamanho (Ueslei Marcelino/Reuters)

Banco Central: Roberto Campos Neto afirmou que o Estado precisa reduzir seu tamanho (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de julho de 2019 às 09h13.

Última atualização em 2 de julho de 2019 às 09h59.

Zurique —  O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta terça-feira a percepção de que a retomada da recuperação econômica será gradual, destacando ainda a necessidade de avanço nas reformas estruturais, em particular a da Previdência.

"A sustentabilidade fiscal é fundamental para reduzir incertezas, aumentar a confiança e o investimento e consequentemente alimentar crescimento econômico de longo prazo", disse em palestra em Zurique, de acordo com apontamentos divulgados pelo BC.

O Brasil pode levantar mais dinheiro do que o esperado com a venda de ativos públicos, afirmou nesta terça-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

"Precisamos reduzir o tamanho do Estado, vendendo ativos públicos", disse Campos Neto em evento em Zurique.

"O retorno estimado ao Tesouro é maior do que o esperado... há muitas operações que estão acontecendo."

Juros

O presidente do Banco Central também afirmou que a trajetória dos juros não está diretamente ligada às reformas, e sim aos efeitos sobre a inflação, ao reforçar a percepção de que a retomada da recuperação econômica será gradual.

"Não queremos dizer que os juros estão diretamente ligados às reformas", disse Campos Neto durante evento em Zurique. "O importante é o que vai para o canal da inflação. Temos uma curva bastante achatada na inflação."

Ao manter a Selic em 6,5% em sua última reunião de política monetária, o BC ressalvou que, embora o balanço de riscos para a inflação tenha evoluído de maneira favorável, o risco relacionado à agenda de reformas é preponderante, o que pede manutenção do juro básico no atual patamar.

Para economistas, a sinalização dada é de que cortes de juros só ocorrerão após a aprovação da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados.

Em sua apresentação no evento, divulgada pelo BC, Campos Neto reforçou a percepção de interrupção do processo de recuperação da economia, repetindo que o cenário da autoridade monetária é de retomada adiante de forma gradual.

"Dados recentes sobre a atividade econômica indicam interrupção no processo de recuperação econômica do Brasil nos últimos trimestres, mas nosso cenário básico é de retomada do processo de recuperação econômica à frente, de forma gradual", disse ele na apresentação.

Ainda assim, Campos Neto voltou a destacar os riscos para esse cenário, citando a necessidade de avanço nas reformas estruturais, em particular a da Previdência.

"Uma possível frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar o prêmio de risco e aumentar a inflação no horizonte relevante para a política monetária", disse.

"Embora o balanço de riscos tenha evoluído de forma favorável, o risco (das reformas) prevalece nesse momento", completou.

Ele afirmou ainda que a sustentabilidade fiscal é fundamental para reduzir incertezas, aumentar a confiança e o investimento e, consequentemente, alimentar crescimento econômico de longo prazo.

"O avanço de reformas estruturais, em particular a reforma da Previdência, é necessário", afirmou.

Campos Neto ainda ressalvou que a estimativa é de que reformas do setor bancário tenham o maior impacto sobre o crescimento da produtividade, e disse que o Brasil pode levantar mais dinheiro do que o esperado com a venda de ativos públicos.

"Precisamos reduzir o tamanho do Estado, vendendo ativos públicos", disse. "O retorno estimado ao Tesouro é maior do que o esperado... há muitas operações que estão acontecendo."

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