Economia

Recuperação de crédito atrai investidores

Com a recuperação da economia, os investidores apostam que os credores - pessoas físicas e jurídicas - estão mais dispostos a pagar o que devem

Santander: em julho comprou 70% da empresa de empréstimos vencidos inadimplentes Ipanema Credit Management (foto/Exame)

Santander: em julho comprou 70% da empresa de empréstimos vencidos inadimplentes Ipanema Credit Management (foto/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de agosto de 2017 às 11h14.

O mercado de recuperação de crédito está atraindo novos investidores no Brasil, interessados na taxa de retorno que podem obter em meio à imaturidade do segmento e a retomada da economia. O movimento mais recente foi feito pelo Santander Brasil, que em julho comprou 70% da empresa de empréstimos vencidos inadimplentes Ipanema Credit Management. Investidores nacionais e estrangeiros estão olhando esse mercado mais ativamente, diz Nicolas Malagamba, da PWC.

Em novembro de 2016, o BTG Pactual voltou a atuar nesse segmento de recuperação de crédito, com a criação da Enforce. Um ano antes, o banco teve de vender para o Itaú a Recovery, líder nesse mercado. À época, o BTG teve de se desfazer de vários ativos por conta da crise desencadeada com a prisão de seu fundador André Esteves, acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato.

Alexandre Camara, sócio do BTG Pactual, afirma que a Enforce tem R$ 30 bilhões em carteira sob gestão e R$ 1 bilhão para investir na expansão da nova companhia, que foca suas operações na recuperação de crédito no segmento corporativo. Camara foi o executivo que ajudou a estruturar a Recovery, adquirida pelo BTG em 2010.

Com a recuperação da economia, os investidores apostam que os credores - pessoas físicas e jurídicas - estão mais dispostos a pagar o que devem. Segundo Camara, uma plataforma independente tem maior eficiência para fazer essa cobrança. "O segmento corporativo, por oferecer garantias para obtenção de crédito, é o mais atraente nesse momento."

Já o Itaú, que viu na crise gerada pela prisão de Esteves a oportunidade de comprar um competidor líder de mercado e ainda reforçar sua operação de cobrança, continua investindo na Recovery. A companhia detém R$ 60 bilhões em créditos de cerca de 12 milhões de pessoas físicas. Flávio Suchek, gestor da empresa, conta que a Recovery tem canais alternativos de pagamento, com foco em educação financeira.

O Santander, que é bastante atuante na venda de carteiras vencidas no mercado externo, tem mantido a oferta de créditos ao mercado. De acordo com fontes ouvidas Estadão/Broadcast, o banco colocou à venda uma carteira de cerca de R$ 50 milhões. Outra instituição que também aguarda propostas de interessados para se desfazer de seus créditos podres é o Votorantim, que ofertou um lote de R$ 300 milhões.

Procurados, Santander não quis dar detalhes de sua operação e Votorantim confirmou a informação.

Contido

Apesar de a crise ter elevado o volume de créditos inadimplentes nas carteiras dos bancos, no primeiro semestre deste ano, o Banco do Brasil foi mais contido na transferência de operações para a Ativos, seu braço de extensão de recuperação de empréstimos em atraso. Foram cerca de R$ 2,9 bilhões na primeira metade do ano contra R$ 3,6 bilhões em igual intervalo de 2016.

Para o segundo semestre, uma quantia similar deve ser transferida, de acordo com o vice-presidente de Controles Internos e Gestão de Risco do BB, Márcio Hamilton Ferreira. Ele explica que a queda reflete o aumento da concessão de créditos com garantias como os destinados à compra de imóveis, operações que não vão para a Ativos. "Utilizamos a Ativos no âmbito da nossa estratégia de cobrança. Geralmente, transferimos créditos sem garantia e voltados a pessoas físicas. O restante preferimos acompanhar dentro do banco", diz o executivo.

Já a Caixa, que segue impedida de vender carteiras de crédito pelo TCU, adotou neste mês um esforço dentro de casa para recuperar seus empréstimos vencidos. Na mira do banco estão operações concedidas a pessoas físicas e empresas e também o habitacional, mercado do qual é líder com fatia de 68%. Procurada, a Caixa não comentou.

Acompanhe tudo sobre:BB – Banco do BrasilBTG PactualCaixaCréditoSantanderTCUVotorantim

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor