Economia

Recorde de emprego é reação tardia à crise, avalia especialista

Professor da UnB Jorge Pinho não acredita que a alta dos juros possa esfriar o mercado de trabalho no Brasil

Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, comemora recorde de vagas (.)

Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, comemora recorde de vagas (.)

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Da Redação

Publicado em 21 de junho de 2010 às 14h03.

Brasília - Quando há uma expectativa de crise, a indústria é o primeiro setor que reage com demissões para reduzir custos. Porém, quando o cenário volta à normalidade, o setor produtivo é o último a recontratar. Por isso, só agora no primeiro quadrimestre do ano, os empresários aceleraram a abertura de vagas, o que causou a quebra de mais um recorde no mercado formal, avalia o professor da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Pinho, a partir dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta segunda-feira (17) pelo Ministério do Trabalho.

Para Pinho, as medidas fiscais e monetárias tomadas pelo governo brasileiro durante a crise fizeram com que o país criasse um conjunto de situações favoráveis à recuperação econômica. "O mercado interno sustentou o Brasil na crise", disse ele.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse em coletiva que confia nos dados do Caged como a melhor forma de definir a situação da economia. Já para Pinho, o emprego é resultado da movimentação econômica do país. "É preciso entender que o mercado de trabalho não é causa de nada na economia, ele é sempre consequência", explica o professor.

Aperto Monetário

Segundo o professor Jorge Pinho, a alta da taxa básica de juros anunciada pelo Banco Central não deve mexer muito com o crescimento do mercado de trabalho. "O aumento de juros agora não vai afetar a indústria. Vai demorar até que se percebam conseqüências nesse sentido", acredita Pinho.

O esfriamento da economia não deve ser problema para a oferta de trabalho. Na análise de Pinho, o maior problema que o mercado de trabalho enfrenta agora é de falta de mão de obra técnica especializada. "Há muita gente pouco especializada e temos oferta relativamente farta de gente com nível superior. Mas não é certo que quem tem curso superior aceite ocupar vaga de nível técnico. É incompatível e o empregado pode se sentir desmotivado", avaliou.
 

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