Economia

Reajuste de servidor já custou R$ 8 bi a mais ao governo até maio

Em 2018, a estimativa é que o governo precise de mais R$ 22 bilhões para pagar a fatura de gastos com pessoal

Gastos: a maior parte dos reajustes foi aprovada pelo Congresso com o aval do presidente Temer (Harvey Meston/Getty Images)

Gastos: a maior parte dos reajustes foi aprovada pelo Congresso com o aval do presidente Temer (Harvey Meston/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de julho de 2017 às 09h10.

Última atualização em 12 de julho de 2017 às 09h31.

Brasília - Em meio à falta de verba dos Ministérios para garantir a prestação de serviços à população, o governo já gastou, de janeiro a maio, R$ 8 bilhões a mais do que em igual período do ano passado para bancar aumentos reais de salário para os servidores. O valor é dez vezes maior do que o necessário para bancar o reajuste do programa Bolsa Família, medida anunciada e depois suspensa pelo governo com a justificativa de falta de dinheiro.

Em 2018, a estimativa é que o governo precise de mais R$ 22 bilhões para pagar a fatura de gastos com pessoal, quase um Orçamento inteiro do programa de transferência de renda, segundo cálculos do economista-chefe da corretora Tullett Prebon, Fernando Monteiro. Desde o ano passado, quando o governo Temer decidiu manter os reajustes negociados por Dilma Rousseff, Monteiro tem acompanhado com lupa a evolução dos gastos de pessoal num quadro de penúria de receitas e despesas em todas as esferas públicas e destaca a alta em curso do funcionalismo federal.

Segundo Monteiro, até maio, os gastos de pessoal tiveram um crescimento real de 7,8%, numa velocidade muito maior do que as despesas com a Previdência (5,1%) e o pagamento de benefícios da lei de assistência social, a Loas (+5,3%). As taxas excluem precatórios e sentenças. Ele destaca que o gasto maior com o funcionalismo seria suficiente para pagar as despesas do Programa de Aceleração do Crescimento dos cinco primeiros meses deste ano.

Apesar da pressão dos gastos do funcionalismo, que comprime espaço de outras despesas, não há planos agora no governo para rever os reajustes já concedidos, segundo um integrante da equipe econômica.

A fatura dos reajustes futuros ficou tão pesada que, para evitar novas antecipações de benesses em 2018 (que é ano eleitoral), o relator do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias do ano que vem, deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), decidiu proibir o presidente da República de conceder aumentos salariais para além de seu mandato. Mesmo assim, já há reajustes contratados até 2019.

A maior parte dos reajustes foi aprovada pelo Congresso no ano passado com o aval do presidente Temer.

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