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Queda do dólar ante picos recentes prejudica soja no Brasil

O recuo no câmbio reduz os valores obtidos da soja em reais e desestimula as vendas pelos produtores rurais

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2015 às 13h20.

São Paulo - A queda do dólar ante o real e a baixa das cotações em Chicago frearam os negócios com soja da nova safra neste início de abril, disseram corretores.

O dólar chegou a tocar 3,30 reais em 19 de março, maior patamar em 12 anos, mas desde então vem recuando. A moeda norte-americana era negociada a 3,10 nesta segunda-feira.

O recuo no câmbio reduz os valores obtidos da soja em reais e desestimula as vendas pelos produtores rurais.

"O movimento vendedor foi bastante forte entre 15 e 30 de março. No entanto, agora... o vendedor acaba aguardando melhores pontos (oportunidades) de venda", disse o operador Adelson Gasparin, da corretora XPF AGRO, de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

Segundo ele, com o dólar a 3,30 reais, a soja chegou a ser negociada a 75 reais por saca para entrega no porto de Rio Grande. Atualmente, a cotação está em 68,30 reais por saca.

As cotações da soja na bolsa de Chicago (CBOT) também não estimulam as vendas. As cotações caíram cerca de 8 por cento desde o início de março até o fechamento de sexta-feira.

"O mercado, claro, deu uma parada, uma reduzida nos negócios, porque os preços em reais caíram", disse o diretor de Inteligência de Mercado da Cerealpar, de Curitiba, Steve Cachia. Segundo ele, a soja é negociada no norte do Paraná atualmente a 61 reais por saca, contra 66 reais em meados de março.

"O vendedor não está muito interessado. Está só na expectativa de melhores preços. Aqui em Rondonópolis, só se vende pontualmente. Só vende quem precisa fazer caixa", afirmou o analista Jerson Carvalho Pinto, da corretora Diversa, na cidade que é o principal polo logístico de grãos de Mato Grosso.

Em levantamento divulgado no fim de março, a consultoria AgRural disse que a comercialização da safra 2014/15 já alcançava 53 por cento do volume a ser colhido, alta de 13 pontos percentuais em um mês, por influência do câmbio.

Desde então, no entanto, a comercialização perdeu ritmo.

"Desde sexta-feira passada (3 de abril) pouca coisa rodou (poucos negócios aconteceram), tanto da soja disponível, quanto da safra 2015/16. Já se vendeu bastante em março e os produtores estão bem capitalizados", destacou nesta segunda-feira a analista Daniele Siqueira, da Agrural, citando dados levantados até agora e que vão constar no próximo relatório de comercialização.

A colheita de soja no Brasil já atinge 87 por cento da área plantada, segundo levantamento divulgado no fim de semana pela consultoria França Jr.

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