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Queda de preços externos e desaceleração impedem repasse do dólar para inflação

Queda do preço internacional das commodities foi um dos fatores que compensou a depreciação cambial, segundo economista

Dólar: Na última sexta-feira (22), o dólar comercial fechou cotado a R$ 2,06 (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2012 às 16h38.

Brasília – Apesar da alta de mais de 20% na cotação da moeda norte-americana nos últimos quatro meses, o câmbio mais alto até agora não influenciou a inflação . A prévia da inflação oficial continua em queda, e as estimativas das instituições financeiras cada vez mais se aproximam do centro da meta de 4,5% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo economistas, a disparada do dólar não teve impacto sobre os preços por dois motivos. Primeiramente, a queda do preço internacional das commodities (alimentos e minérios com cotação internacional) compensou a depreciação cambial. Além disso, a desaceleração da economia inibe os empresários de repassar os custos da alta da moeda norte-americana.

“Boa parte dos efeitos da depreciação cambial foi compensada pela queda dos preços externos”, diz o economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria. De acordo com ele, a redução dos preços das commodities abriu espaço para o governo desvalorizar o real além dos movimentos de mercado provocados pelas turbulências globais. “A depreciação da moeda no Brasil foi uma das mais intensas no mundo. Isso indica que também houve um movimento político de desvalorizar a moeda para proteger a indústria nacional”, acrescenta.

Na avaliação de Curado, a desvalorização tão expressiva do real foi possível justamente porque a inflação está em queda. Segundo ele, se o governo não tivesse interferido no câmbio, a redução dos índices de preços seria ainda maior. “Com o PIB [Produto Interno Bruto] estagnado há dois semestres, as empresas, principalmente do setor de serviços, estão segurando os preços”, diz.

O economista e ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo Freitas também reconhece que a desaceleração da economia está compensando as pressões sobre a inflação. Ele, no entanto, adverte que o dólar mais alto terá impacto sobre os preços internos assim que o PIB voltar a crescer. “Para este ano, acredito que a inflação deverá fechar próxima do centro da meta, mas, a partir de 2013, certamente haverá algum repasse se a economia voltar a se acelerar.”

Na última sexta-feira (22), o dólar comercial fechou cotado a R$ 2,06. O valor é 21% maior do que a cotação mais baixa registrada neste ano: R$ 1,699, em 28 de fevereiro. Apesar disso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial medida pelo IPCA, apresentou forte queda e registrou 0,18% em junho, contra 0,51% em maio. Ao mesmo tempo, as projeções do boletim Focus (pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras) apontam que o IPCA fechará 2012 em 5%, próximo do centro da meta (4,5%).

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Brasília – Apesar da alta de mais de 20% na cotação da moeda norte-americana nos últimos quatro meses, o câmbio mais alto até agora não influenciou a inflação . A prévia da inflação oficial continua em queda, e as estimativas das instituições financeiras cada vez mais se aproximam do centro da meta de 4,5% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo economistas, a disparada do dólar não teve impacto sobre os preços por dois motivos. Primeiramente, a queda do preço internacional das commodities (alimentos e minérios com cotação internacional) compensou a depreciação cambial. Além disso, a desaceleração da economia inibe os empresários de repassar os custos da alta da moeda norte-americana.

“Boa parte dos efeitos da depreciação cambial foi compensada pela queda dos preços externos”, diz o economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria. De acordo com ele, a redução dos preços das commodities abriu espaço para o governo desvalorizar o real além dos movimentos de mercado provocados pelas turbulências globais. “A depreciação da moeda no Brasil foi uma das mais intensas no mundo. Isso indica que também houve um movimento político de desvalorizar a moeda para proteger a indústria nacional”, acrescenta.

Na avaliação de Curado, a desvalorização tão expressiva do real foi possível justamente porque a inflação está em queda. Segundo ele, se o governo não tivesse interferido no câmbio, a redução dos índices de preços seria ainda maior. “Com o PIB [Produto Interno Bruto] estagnado há dois semestres, as empresas, principalmente do setor de serviços, estão segurando os preços”, diz.

O economista e ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo Freitas também reconhece que a desaceleração da economia está compensando as pressões sobre a inflação. Ele, no entanto, adverte que o dólar mais alto terá impacto sobre os preços internos assim que o PIB voltar a crescer. “Para este ano, acredito que a inflação deverá fechar próxima do centro da meta, mas, a partir de 2013, certamente haverá algum repasse se a economia voltar a se acelerar.”

Na última sexta-feira (22), o dólar comercial fechou cotado a R$ 2,06. O valor é 21% maior do que a cotação mais baixa registrada neste ano: R$ 1,699, em 28 de fevereiro. Apesar disso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial medida pelo IPCA, apresentou forte queda e registrou 0,18% em junho, contra 0,51% em maio. Ao mesmo tempo, as projeções do boletim Focus (pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras) apontam que o IPCA fechará 2012 em 5%, próximo do centro da meta (4,5%).

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