Donald Trump: China é a principal frente aberta pelo governo do presidente estadunidense em sua guerra comercial, mas não a única (Leah Millis/Reuters)
AFP
Publicado em 20 de julho de 2018 às 17h39.
O protecionismo agressivo dos Estados Unidos estará na mesa de negociação dos ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do Grupo dos 20, que se reúne neste fim de semana em Buenos Aires.
Analistas e governos já alertaram sobre o dano em potencial à economia das tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump e que geram represálias imediatas contra bens americanos.
Por exemplo, segundo especialistas, os investimentos podem reduzir, e as redes de suprimentos serão danificadas.
A China é a principal frente aberta pelo governo Trump em sua guerra comercial, mas não a única.
Após semanas de negociações aparentemente inférteis, os Estados Unidos impuseram no início do mês tarifas de 25% sobre produtos mecânicos e tecnológicos chineses avaliados em cerca de 36 bilhões de dólares. Provocou uma reação imediata de Pequim, que garantiu que responderia com medidas equivalentes.
A China acusou os Estados Unidos de iniciarem "a maior guerra comercial da história econômica".
Uma segunda parcela de produtos avaliados em 16 bilhões de dólares está sob revisão e poderá ser acrescentada em breve aos sobretaxados.
Além disso, na semana passada, o governo dos Estados Unidos anunciou que começou a definir uma lista no valor de 200 bilhões de dólares em produtos chineses, aos quais imporá novas tarifas.
Os produtos afetados desta vez incluem peixes, grãos, malas, tapetes, pedras, cerâmicas e vidro, bem como itens feitos com cobre e níquel.
Nesta sexta-feira, Trump disse que considera a imposição de tarifas sobre um total de 500 bilhões de dólares, o que equivale a praticamente a tudo que os Estados Unidos compraram no ano passado.
Os produtos atingidos neste mês pelas tarifas americanas incluem peças de aeronaves e discos rígidos de computadores que, segundo Washington, se beneficiam de práticas comerciais injustas e do roubo de tecnologia.
A China respondeu com tarifas semelhantes em produtos agrícolas. Ela também apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), e os Estados Unidos fizeram o mesmo na OMC contra o país asiático.
Em 1º de junho, após vários meses de ameaças, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio da União Europeia (UE).
A UE respondeu com medidas retaliatórias para compensar em cerca de 2,8 bilhões de euros os prejuízos causados pelos impostos americanos.
Mais à frente, a UE poderia aplicar tarifas a outros produtos dos Estados Unidos, no valor de 3,6 bilhões de euros, se vencer uma disputa com osEstados Unidos na OMC.
Além disso, a UE está preocupada com as tarifas que os Estados Unidos consideram aplicar aos carros importados.
Canadá e México, membros com os Estados Unidos do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), também foram afetados pelas tarifas sobre o aço e o alumínio e aplicaram contramedidas.
O recém-eleito presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, prometeu trabalhar com os Estados Unidos para revisar o Nafta, e o secretário de Comércio americano Wilbur Ross, disse que os diálogos podem começar "muito em breve".
Os Estados Unidos anunciaram no início de maio a retirada do acordo sobre o programa nuclear iraniano assinado no governo de Barack Obama e decidiram restabelecer suas sanções contra Teerã e todas as empresas ligadas à República Islâmica.
Os americanos deram a essas empresas um período de 90 a 180 dias para se retirarem do Irã. A primeira parte da reintegração de sanções, marcada para 6 de agosto, será voltada para a indústria automotiva e para a aviação civil. Em 4 de novembro serão os setores de energia e finanças.
Várias empresas, inclusive a Total e a Peugeot, da França, e a Lukoil, da Rússia, já anunciaram que estão se preparando para deixar o Irã antes do último prazo estabelecido pelos Estados Unidos, que é 4 de novembro.
Inicialmente, os Estados Unidos haviam recusado qualquer tipo de isenção a essas sanções, mas afirmaram recentemente que, no caso dos importadores de petróleo, estão abertos a tolerar alguns, enquanto as empresas vão diminuindo suas importações.
Afetado desde março pelas tarifas do aço, o Japão informou à OMC sua disposição de retaliar as tarifas sobre os produtos americanos em 50 bilhões de ienes (450 milhões de dólares).
A ameaça de impostos sobre as importações de carros é o principal medo do país.