PT quer expandir relação comercial com a China
Dá para ser comunista e capitalista ao mesmo tempo? O que para o resto do mundo seria impossível, para a China parece se traduzir no sonho de todos os países emergentes: estabilidade política e crescimento econômico. A China acaba de atravessar o mais pacífico processo de transição na história de seu Partido Comunista, com a […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h08.
Dá para ser comunista e capitalista ao mesmo tempo? O que para o resto do mundo seria impossível, para a China parece se traduzir no sonho de todos os países emergentes: estabilidade política e crescimento econômico. A China acaba de atravessar o mais pacífico processo de transição na história de seu Partido Comunista, com a troca da guarda de Jiang Zemin para Hu Jintao. O país exporta anualmente US$ 260 bilhões - cinco vezes mais que o Brasil -, cresce 7% e atrai US$ 40 bilhões em investimentos estrangeiros. Donos de um mercado interno com 1,3 bilhão de consumidores, os chineses entraram para a Organização Mundial do Comércio (OMC) no início de 2002 e estão ávidos por parcerias econômicas.
Mas que impacto terá a chegada do ex-operário Lula à presidência do Brasil na relação do nosso país com aquele que ainda se diz a maior economia "comunista" do mundo? "O governo Lula pretende dar continuidade e aprofundar as relações comerciais com a China", diz o senador eleito Aloísio Mercadante, homem de confiança do novo presidente. Os dois países acabam de anunciar a formação de um Conselho Empresarial China Brasil, que servirá de fórum para novas negociações comerciais. "Nossas relações com o Brasil são excelentes e estratégicas. No próximo governo brasileiro, serão ainda melhores", afirma Jiang Yuande, embaixador Extraordinário da China no Brasil.
O PT já se prepara para o que considera, com o perdão do lugar-comum, um "negócio da China". "Eles são hoje os maiores compradores de produtos brasileiros na Ásia, e nossa idéia e desenvolver ainda mais esse mercado", diz Mercadante. O Brasil exportou 26,4% a mais para os chineses em 2002 na comparação com o ano anterior, em um total de US$ 2,1 bilhão. O mercado chinês é hoje o destino de 4,25% das nossas exportações. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 841 mil de janeiro a outubro de 2002 nas transações com a China, contra US$ 572 mil nos 10 primeiros meses de 2001.
Quais setores são estratégicos na relação entre China o Brasil? "Temos condições de exportar mais grãos e minérios e contar com a parceria deles em ciência e tecnologia", diz Mercadante. Na opinião do embaixador chinês, há muito a negociar "em ferro, soja, aviões, satélites e geração de energia". Eis os pontos em que as economias brasileira e chinesa podem ser consideradas complementares:
A General Motors do Brasil tem desde janeiro de 2001 dois contratos de venda de carros para a China, no valor de US$ 1,4 bilhão durante 10 anos. "A China é hoje o principal mercado de exportações da GM do Brasil", diz um porta-voz da empresa. Os veículos são enviados desmontados pelo sistema CKD (Completely Knocked Down) e montados em duas fábricas chinesas, uma em Shangai e outra em Jinbei, 50% da GM e 50% dos governos das províncias. A Volkswagen do Brasil fechou recentemente um contrato parecido para montar o Gol na China, com 60% de peças brasileiras e 40% chinesas. As exportações dos CKDs devem começar no início do ano que vem.
Durante a inauguração da Exposição Engenharia, Tecnologia e Equipamentos Completos da China, em São Paulo, no início da semana, o ministro da Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, anunciou os dois governos fecharam parceria para a fabricação de aviões. As empresas envolvidas são a Embraer e a estatal chinesa Avic II. "Foi uma das boas notícias que o vice-ministro do Comércio Exterior chinês, Chen Jian, me trouxe de seu país", disse o ministro. A parceria da Embraer com a China pode abrir caminho para novas associações entre empresas brasileiras e chinesas. " É um mercado muito promissor que prevê a fabricação de 300 aviões em 10 anos", afirmou Maurício Botelho, presidente da Embraer.