Acompanhe:

Proposta de orçamento para 2020 pode gerar apagão na máquina pública

Despesas e investimento prometem ficar no menor patamar da história

Modo escuro

Continua após a publicidade
Contingenciamentos são rotineiros, mas devem pesar mais em 2020. (Adriano Machado/Reuters)

Contingenciamentos são rotineiros, mas devem pesar mais em 2020. (Adriano Machado/Reuters)

E
Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de agosto de 2019 às, 10h34.

Última atualização em 2 de setembro de 2019 às, 10h00.

No primeiro Orçamento apresentado pela gestão do presidente Jair Bolsonaro, despesas com custeio da máquina pública e investimento prometem ficar no menor patamar da história, o que pode travar no próximo ano o funcionamento dos ministérios.

Para 2020, as chamadas despesas discricionárias - que reúnem gastos com itens como compra de materiais, diárias, energia elétrica, além de investimentos em infraestrutura e bolsas de estudo - estão estimadas em R$ 89,161 bilhões. 

Neste ano, essas despesas começaram em R$ 102 bilhões, mas passaram por sucessivos cortes e estão agora em R$ 84 bilhões - o que também já tem afetado a rotina dos ministérios.

Os contingenciamentos são rotineiros, mas devem pesar mais em 2020, porque o Orçamento começará o ano ainda mais enxuto.

Nos últimos dias, como mostrou o Estadão/Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado, diversos ministros encaminharam ofícios à Economia alertando que os recursos previstos para o Orçamento de 2020 são insuficientes e podem comprometer compra de livros escolares, pagamentos de bolsas de estudos e entrega gratuita de medicamentos, entre outros serviços.

Neste ano, o baixo nível de despesas discricionárias já ameaça provocar um apagão nas agências reguladoras a partir de setembro. 

No caso dos investimentos, o Orçamento para 2020 prevê apenas R$ 19 bilhões, uma queda de 29,3% em relação ao previsto na Lei Orçamentária de 2019. Será o menor patamar de investimentos em uma década.

O número equivale a 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e é 15% inferior ao volume que será de fato executado neste ano.

O estrangulamento é efeito da regra do teto de gastos, que limita o crescimento do total das despesas públicas à variação da inflação no ano anterior.

Como o governo não pode cortar aposentadorias, benefícios sociais e salários, os chamados gastos obrigatórios, o ajuste acaba sendo feito nas despesas discricionárias, sobre as quais a União tem liberdade para decidir se deve ou não executar.

Do fim de 2016 até o fim de 2019, os gastos obrigatórios vão crescer mais de R$ 200 bilhões, enquanto custeio e investimento terão caído mais de R$ 46 bilhões no mesmo período.

Medidas

O aperto nas contas tem levado o governo a elaborar medidas para tentar conter gastos obrigatórios e abrir espaço no Orçamento.

No nível atual, a avaliação é de que será muito difícil garantir a prestação dos serviços em 2020, reconheceu o secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues. 

"Se queremos um processo orçamentário de pé, é urgente discutirmos a rigidez orçamentária", apelou o secretário.

Ele defendeu a manutenção do teto de gastos e avaliou que esse instrumento de política fiscal "explicita" o problema da economia brasileira. "Fica explícito que algo tem de ser feito. O nosso grande problema não é do lado da receita, não é o teto, mas a rigidez orçamentária e o crescimento fortíssimo das despesas obrigatórias em detrimento dos investimentos."

Como antecipou o Estadão/Broadcast, o governo estuda o fim da multa adicional de 10% sobre o FGTS do trabalhador em demissão sem justa causa (dinheiro que passa pelo Orçamento e consome R$ 5,4 bilhões no teto de gastos), o congelamento das progressões de servidores civis do Executivo nas carreiras (que poderia economizar R$ 2 bilhões), a suspensão de novas contratações do Minha Casa Minha Vida (que pouparia outros R$ 2 bilhões) e o redirecionamento de recursos do Sistema S. 

Segundo o secretário especial adjunto de Fazenda, Esteves Colnago, o compromisso do governo é garantir as contratações já feitas no Minha Casa Minha Vida, mas o secretário não fez comentários sobre novos contratos. 

Crédito suplementar

A exemplo do que ocorreu neste ano, o governo vai precisar de uma autorização especial do Congresso para cumprir o Orçamento de 2020.

O projeto apresentado pelo governo prevê uma insuficiência de R$ 367,031 bilhões para o cumprimento da regra de ouro - que impede a emissão de títulos da dívida para bancar despesas como salários e benefícios previdenciários. É mais do que os R$ 248,9 bilhões pedidos para este ano.

Essas despesas estão condicionadas à aprovação de um novo crédito suplementar por maioria absoluta de deputados e senadores. Entre os itens que dependem desses recursos estão benefícios previdenciários, gastos com pessoal, pagamento do Bolsa Família e do seguro-desemprego e até o financiamento de campanhas eleitorais.

De acordo com Colnago, as despesas condicionadas abrangem de quatro a cinco meses em gastos de cada rubrica. "Isso permite que essas rubricas caminhem até junho ou julho do próximo exercício", afirmou.

O descumprimento da regra de ouro é crime de responsabilidade, passível de impeachment, e a única exceção prevista é a aprovação do crédito suplementar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Últimas Notícias

Ver mais
Bolsonaristas têm 1ª derrota na Comissão de Educação e Nikolas pede por mudança nos membros
Brasil

Bolsonaristas têm 1ª derrota na Comissão de Educação e Nikolas pede por mudança nos membros

Há 16 horas

Jair Renan Bolsonaro vira réu por suposta fraude em empréstimo bancário
Brasil

Jair Renan Bolsonaro vira réu por suposta fraude em empréstimo bancário

Há 17 horas

Defesa de Bolsonaro diz que apresentará esclarecimentos sobre ida a embaixada para Moraes
Brasil

Defesa de Bolsonaro diz que apresentará esclarecimentos sobre ida a embaixada para Moraes

Há 17 horas

Grupo Parlamentar Brasil-Hungria critica governo Lula por convocação a embaixador
Brasil

Grupo Parlamentar Brasil-Hungria critica governo Lula por convocação a embaixador

Há 22 horas

Continua após a publicidade
icon

Branded contents

Ver mais

Conteúdos de marca produzidos pelo time de EXAME Solutions

Exame.com

Acompanhe as últimas notícias e atualizações, aqui na Exame.

Leia mais