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Programação de embarques de açúcar no Brasil inicia safra 60% menor

Expectativa é de que esse cenário perdure ao longo da temporada, o que poderia reduzir o peso do país no comércio global da commodity

Açúcar: programação de embarques de açúcar pelo Brasil neste início de safra 2018/19 no centro-sul está 60 por cento aquém do observado no começo do ciclo anterior (Jean-Pierre Pingoud/Bloomberg)
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Reuters

Publicado em 13 de abril de 2018 às 13h44.

São Paulo - A programação de embarques de açúcar pelo Brasil neste início de safra 2018/19 no centro-sul está 60 por cento aquém do observado no começo do ciclo anterior, resultado de uma oferta doméstica menor e de uma demanda pelo produto nacional mais tímida, segundos dados de line-up e especialistas consultados pela Reuters.

A expectativa é de que esse cenário perdure ao longo da temporada, o que poderia reduzir o peso do país no comércio global da commodity, embora não a ponto de lhe retirar a liderança.

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Conforme monitoramento da agência Williams relativo à primeira semana da nova safra, iniciada oficialmente em 1º de abril, dez embarcações estavam programadas para carregar 393,5 mil toneladas de açúcar nos portos do país ao longo dos próximos dias.

Há um ano, porém, no início do ciclo 2017/18, eram 23 navios, com carregamento de 950,4 mil toneladas do produto.

"Basicamente, o ponto principal por trás disso é a redução forte na produção de açúcar (no Brasil). Vamos ver nesta safra line-ups sistematicamente menores que os do ano passado", comentou o sócio-diretor da JOB Economia e Planejamento, Julio Maria Borges.

O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar, e o centro-sul, região que responde por mais de 90 por cento da fabricação nacional da commodity, deve reduzir a produção entre 5 milhões e 6 milhões de toneladas na temporada vigente, de acordo com algumas consultorias.

O recuo esperado é reflexo da preferência das usinas pelo etanol, cujo consumo interno vem forte desde meados do ano passado após altas tributárias maiores sobre a gasolina, seu concorrente direto --tanto a produção quanto a comercialização do biocombustível já surpreenderam positivamente na última safra.

Borges, entretanto, lembrou que o próprio preço do adoçante deprimido no mercado internacional "não estimula a exportação neste momento".

A referência para o açúcar bruto, negociado na Bolsa de Nova York e principal tipo exportado pelo Brasil, está atualmente no menor patamar em quase dois anos e meio dada a ampla oferta global, puxada por grandes safras na Índia, Tailândia e União Europeia (UE).

"No ano passado, o pessoal estava plenamente concentrando no açúcar, e neste ano é mais no álcool, que é prioridade por causa do preço", resumiu o vice-presidente da ED&F MAN Capital Markets, Michael McDougall.

Demanda menor

De acordo com McDougall, a demanda internacional pelo açúcar brasileiro também tende a ser menor nesta safra em razão das salvaguardas impostas pela China e da maior exportação pela UE.

Em maio do ano passado, a China introduziu uma taxa extra de 45 por cento para a importação de açúcar de diversos países sobreposta aos 50 por cento que já estavam sendo pagos. A medida atingiu fortemente o Brasil, que costuma ser o maior fornecedor para os chineses.

As exportações brasileiras de açúcar ao gigante asiático, que chegavam a 6 milhões de toneladas em anos passados, minguaram para apenas 115 mil em 2017/18, segundo o grupo da indústria Unica.

Quanto à UE, McDougall citou uma exportação 1 milhão de toneladas maior após o fim de um regime de cotas em outubro do ano passado, que impulsionou a produção no ciclo a um recorde de 25 milhões de toneladas.

A UE fabrica principalmente açúcar branco, e a maior oferta proveniente do bloco fez com que o prêmio desse produto sobre o bruto diminuísse consideravelmente.

Trata-se de outro fator por trás da menor procura pela commodity do Brasil, uma vez que para o importador está compensando comprar o açúcar já refinado do que adquirir o bruto para um posterior processamento.

Nesta sexta-feira, o prêmio do branco sobre o bruto está em torno de 85 dólares por tonelada, abaixo dos mais de 100 dólares observados meses antes do término das cotas na UE.

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