Economia

Programa de crédito para caminhoneiros está parado

BNDES Crédito Caminhoneiro realizou até agora apenas uma operação de R$ 20 mil, apesar da disponibilidade de R$500 milhões para empréstimos à categoria

Caminhoneiros: categoria pressionou governo por mudanças na tabela do frete (Nelson Almeida/AFP Photo)

Caminhoneiros: categoria pressionou governo por mudanças na tabela do frete (Nelson Almeida/AFP Photo)

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Reuters

Publicado em 23 de julho de 2019 às 16h58.

Rio de Janeiro — Um programa de crédito criado pelo BNDES em meio a um pacote de medidas do governo de Jair Bolsonaro para acalmar ameaças de greve de caminhoneiros está praticamente parado, segundo informações apuradas pela Reuters e confirmadas pela instituição de fomento.

O programa BNDES Crédito Caminhoneiro, voltado à concessão de empréstimos para manutenção de caminhões e lançado em abril, realizou até agora apenas uma operação de 20 mil reais, apesar da dotação orçamentária de 500 milhões de reais.

Procurado pela Reuters, o BNDES informou que a linha de crédito está em operação desde 27 de maio e tem prazo até 26 de maio de 2020.

"O banco tem recebido informações dos clientes sobre a dificuldade de acesso à linha e, por essa razão, está em contato com os agentes financeiros para entender dificuldades e o que pode ser feito para atender melhor ao público final", afirmou o BNDES em comunicado.

A única linha de crédito concedida pelo BNDES no âmbito do programa foi para a Agência de Fomento do Paraná, que tinha como objetivo o repasse dos recursos, segundo o banco.

O repasse de recursos da linha, de até 30 mil por caminhoneiro, é feito por agentes parceiros do BNDES, como bancos de varejo. Ao todo, 46 instituições financeiras são parceiras do banco no programa.

O limite de crédito por caminhoneiro tem sido uma das reclamações dos motoristas. O ex-presidente do BNDES Joaquim Levy chegou a cogitar a possibilidade de ampliar o orçamento do programa para 1 bilhão de reais se houvesse demanda.

"São vários os motivos para o programa não ter praticamente saído do papel", disse José Roberto Stringasci, diretor da Associação Nacional de Transporte no Brasil (ANTB).

"A economia está parada e só agora a safra de grãos começou a circular. Os caminhoneiros também estão muito endividados e têm que resolver isso. O programa do BNDES também é caro e os caminhoneiros que foram nos bancos ouviram que é mais barato contratar um crédito direto e particular. O limite de 30 mil reais por operação também é baixo porque só um pneu de um caminhão custa 2 mil reais e tem caminhão rodando com vários eixos", acrescentou.

O programa foi lançado junto com uma promessa do governo de investimento de 2 bilhões de reais, incluindo na conclusão de obras e manutenção de rodovias e eixos viários importantes.

Na ocasião, entidades que representam os caminhoneiros autônomos criticaram as medidas ao afirmarem que não resolvem a principal demanda da categoria: o estabelecimento do piso mínimo de fretes e seu cumprimento pelos contratantes de transporte de carga.

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