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Produtividade é o desafio hoje, diz Henrique Meirelles

“O fato de enfrentarmos agora outro desafio não deve ser confundido com a volta atrás. Não voltaremos ao período de crise recorrente”, disse o ex-presidente do BC

Henrique Meirelles foi presidente do Banco Central entre 2003 e 2010 (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2012 às 14h17.

São Paulo* – Para Henrique Meirelles , ex-presidente do Banco Central e atual presidente do Conselho Consultivo da holding J&F, a economia brasileira está sendo afetada por fatores conjunturais decorrentes da crise europeia mas também por ter entrado em um novo ciclo. “Agora entramos na fase da produtividade. Esse é o desafio hoje”, afirmou.

“Cada coisa a seu tempo. Era impossível se falar em grandes investimentos em produtividade no Brasil quando tínhamos uma instabilidade muito grande. Apenas quando a economia adquire previsibilidade é possível fazer investimentos de longo prazo em produtividade”, disse Meirelles.

Para o ex-BC, a entrada do Brasil nessa fase é natural. Na época em que havia estabilidade e o ambiente externo estava favorável, era normal que as empresas e famílias estivessem trabalhando com foco de atender o aumento da demanda, segundo Meirelles. Agora, o cenário é outro, então, passa a ser natural que o foco seja investir em produtividade.

“Acho que o Brasil terá condições de enfrentar esse desafio”, disse o ex-BC, para quem o enfrentamento desse novo desafio não significa voltar atrás. “Não voltaremos ao período de crise recorrente”, disse, destacando que hoje o país tem reservas internacionais mais elevadas e uma relação de dívida pública líquida sobre o produto de cerca de 36%, bem abaixo do patamar de 60% que já registrou.

“O que estamos discutindo é a taxa de crescimento futura, se será maior ou menor com maior ou menor produtividade”, disse Meirelles. Para o ex-BC, é necessário observar qual será o crescimento sustentável nos próximos anos – uma diferença de 3,5% para 4,5% faz muita diferença, ressaltou.

A estimativa do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2012 sofreu seguidas baixas até consolidar-se na previsão de uma elevação de 1,9% do PIB, segundo os últimos boletins Focus divulgados pelo Banco Central. O governo mantém a expectativa de crescimento de 3%, segundo declaração recente da ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

Endividamento

O Brasil não viveu uma bolha de crédito, segundo Meirelles. O ex-BC destacou que, no Brasil, o crédito representa 50% do produto, enquanto nos Estados Unidos, o dado mais otimista indica 176% do produto.


“Tivemos um crescimento acelerado e agora estamos em uma fase de ajuste das famílias e dos bancos”, afirmou. Meirelles destacou que o Brasil não enfrenta um fenômeno de desalavancagem, como há nos Estados Unidos.

“Acho que a inadimplência deve cair um pouco e a taxa de crescimento será em níveis mais moderado que nos próximos anos, o que é um fenômeno até saudável’, disse Meirelles.

Carga Tributária

Para Manoel Horacio, presidente do conselho de administração do Banco Fator, a carga tributária é um entrave. “A sociedade brasileira ainda não definiu qual tamanho de governo quer ter e esse, pra mim, é o grande entrave para acelerarmos o crescimento”, disse. Para Horacio, o Brasil tem uma grande oportunidade pela frente mas não fez as reformas estruturais necessárias para ter um crescimento sustentável.

Crise europeia

Os canais de transmissão de uma crise podem ser distintos para diferentes países ao mesmo tempo, segundo Meirelles. O ex-BC destacou que a crise europeia afetou os canais do comércio, da confiança e também o fluxo de capitais.

“Ao mesmo tempo há certa desaceleração da China, o Estados Unidos está em recuperação gradual e a Europa com problema, então o canal de comércio fica mais complicado para o Brasil”, afirmou Meirelles, para quem os fatores domésticos são os principais motores do crescimento do Brasil.

Henrique Meirelles participou hoje de evento do FTI Consulting, do qual o ex-BC é membro do conselho de administração.

*A matéria foi alterada às 12:29 para o acréscimo de informações.

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São Paulo* – Para Henrique Meirelles , ex-presidente do Banco Central e atual presidente do Conselho Consultivo da holding J&F, a economia brasileira está sendo afetada por fatores conjunturais decorrentes da crise europeia mas também por ter entrado em um novo ciclo. “Agora entramos na fase da produtividade. Esse é o desafio hoje”, afirmou.

“Cada coisa a seu tempo. Era impossível se falar em grandes investimentos em produtividade no Brasil quando tínhamos uma instabilidade muito grande. Apenas quando a economia adquire previsibilidade é possível fazer investimentos de longo prazo em produtividade”, disse Meirelles.

Para o ex-BC, a entrada do Brasil nessa fase é natural. Na época em que havia estabilidade e o ambiente externo estava favorável, era normal que as empresas e famílias estivessem trabalhando com foco de atender o aumento da demanda, segundo Meirelles. Agora, o cenário é outro, então, passa a ser natural que o foco seja investir em produtividade.

“Acho que o Brasil terá condições de enfrentar esse desafio”, disse o ex-BC, para quem o enfrentamento desse novo desafio não significa voltar atrás. “Não voltaremos ao período de crise recorrente”, disse, destacando que hoje o país tem reservas internacionais mais elevadas e uma relação de dívida pública líquida sobre o produto de cerca de 36%, bem abaixo do patamar de 60% que já registrou.

“O que estamos discutindo é a taxa de crescimento futura, se será maior ou menor com maior ou menor produtividade”, disse Meirelles. Para o ex-BC, é necessário observar qual será o crescimento sustentável nos próximos anos – uma diferença de 3,5% para 4,5% faz muita diferença, ressaltou.

A estimativa do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2012 sofreu seguidas baixas até consolidar-se na previsão de uma elevação de 1,9% do PIB, segundo os últimos boletins Focus divulgados pelo Banco Central. O governo mantém a expectativa de crescimento de 3%, segundo declaração recente da ministra do Planejamento, Miriam Belchior.

Endividamento

O Brasil não viveu uma bolha de crédito, segundo Meirelles. O ex-BC destacou que, no Brasil, o crédito representa 50% do produto, enquanto nos Estados Unidos, o dado mais otimista indica 176% do produto.


“Tivemos um crescimento acelerado e agora estamos em uma fase de ajuste das famílias e dos bancos”, afirmou. Meirelles destacou que o Brasil não enfrenta um fenômeno de desalavancagem, como há nos Estados Unidos.

“Acho que a inadimplência deve cair um pouco e a taxa de crescimento será em níveis mais moderado que nos próximos anos, o que é um fenômeno até saudável’, disse Meirelles.

Carga Tributária

Para Manoel Horacio, presidente do conselho de administração do Banco Fator, a carga tributária é um entrave. “A sociedade brasileira ainda não definiu qual tamanho de governo quer ter e esse, pra mim, é o grande entrave para acelerarmos o crescimento”, disse. Para Horacio, o Brasil tem uma grande oportunidade pela frente mas não fez as reformas estruturais necessárias para ter um crescimento sustentável.

Crise europeia

Os canais de transmissão de uma crise podem ser distintos para diferentes países ao mesmo tempo, segundo Meirelles. O ex-BC destacou que a crise europeia afetou os canais do comércio, da confiança e também o fluxo de capitais.

“Ao mesmo tempo há certa desaceleração da China, o Estados Unidos está em recuperação gradual e a Europa com problema, então o canal de comércio fica mais complicado para o Brasil”, afirmou Meirelles, para quem os fatores domésticos são os principais motores do crescimento do Brasil.

Henrique Meirelles participou hoje de evento do FTI Consulting, do qual o ex-BC é membro do conselho de administração.

*A matéria foi alterada às 12:29 para o acréscimo de informações.

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