Economia

Produção de veículos sobe no Brasil no 1º tri, mas emprego cai

As montadoras instaladas no país produziram 609,8 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus de janeiro a março

Carros: o setor fechou quase 10 mil postos de trabalho, encerrando março com 103,6 mil funcionários (Top Photo Corporation/Thinkstock)

Carros: o setor fechou quase 10 mil postos de trabalho, encerrando março com 103,6 mil funcionários (Top Photo Corporation/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 6 de abril de 2017 às 16h25.

São Paulo - A produção de veículos do Brasil saltou 24 por cento no primeiro trimestre, impulsionada por exportações recordes e renovação de frotas de empresas como locadoras de veículos, mas o nível de emprego foi na contramão e recuou quase 9 por cento ao fim de março sobre um ano antes, informou nesta quinta-feira a associação que representa o setor, Anfavea.

As montadoras instaladas no país produziram 609,8 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus de janeiro a março e exportaram 172,7 mil veículos no período, uma alta de quase 70 por cento sobre o primeiro trimestre de 2016.

Enquanto isso, o setor fechou quase 10 mil postos de trabalho, encerrando março com 103,6 mil funcionários.

A diferença de comportamento entre salto de produção e queda no emprego foi atribuída pelo presidente da Anfavea, Antonio Megale, a ganhos de produtividade, diante do nível de ociosidade registrado pelo setor de mais de 50 por cento na indústria como um todo e de mais de 75 por cento apenas no segmento de caminhões.

"As empresas precisam ter claro como vai estar o mercado nos próximos meses antes de abrirem novos turnos de produção. Ainda precisamos de alguns meses de crescimento forte para sabermos se vamos reverter a questão dos postos de trabalho", disse Megale a jornalistas.

Segundo os dados da Anfavea, o resultado do trimestre foi impulsionado pelo desempenho de março, que teve alta de 18 por cento na produção sobre um ano antes e avanço de 5,5 por cento nas vendas na mesma comparação.

Boa parte da produção do mês passado, disse Megale, foi destinada para exportações, cujos destinos de destaque foram os mercados da Argentina, Uruguai, Colômbia e Peru.

O movimento deve se manter nos próximos meses, diante da proximidade de assinatura de novos acordos de comércio, inclusive com a Colômbia, e da pujança do mercado argentino, que este ano deve registrar vendas recordes de entre 850 mil e 900 mil veículos, segundo estimativas da Anfavea.

Do total produzido em março, 235 mil veículos, 68,5 mil foram exportados, maior nível mensal desde pelo menos 2014.

Já o mercado interno segue permeado pelas turbulências políticas que minam a confiança dos investidores, retardando o retorno do crescimento do emprego e das vendas de veículos, disse Megale.

O presidente da Anfavea afirmou, porém, que as vendas de veículos no Brasil estão "no caminho da estabilização", depois de terem encerrado o primeiro trimestre em queda de 1,9 por cento sobre o mesmo período do ano passado, a 472 mil unidades.

"Ainda precisamos ter cautela, março foi um mês longo, com 23 dias úteis (...) ainda é cedo para dizer que a tempestade passou, mas podemos dizer que a intensidade da chuva diminuiu um pouco", afirmou Megale, acrescentando que é provável que as vendas de abril não sejam tão robustas quanto março por causa também de dois feriados no calendário do mês.

Por enquanto, a Anfavea mantém a previsão de alta de 11,9 por cento na produção deste ano, para 2,41 milhões de veículos, e de alta de 4 por cento nas vendas no mercado interno, para 2,13 milhões.

No entanto, se o ritmo de exportações se mantiver positivo, Megale afirmou que é provável que a Anfavea reveja em meados do ano a projeção de vendas externas de 558 mil veículos em 2017, alta de 7,2 por cento.

Se isso ocorrer, a entidade também deve fazer ajustes na perspectiva da produção, disse o presidente da entidade.

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