"A indústria tem de adequar seu ritmo produtivo à demanda existente atualmente", diz IBGE (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2015 às 12h34.
Rio de Janeiro - As vendas menores de automóveis, eletrodomésticos e artigos de mobiliário levaram a fabricação de bens de consumo duráveis a uma queda acumulada de 8,2% nos últimos quatro meses, de acordo com os dados da Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O recuo de 1,4% em janeiro ante dezembro foi o quarto resultado negativo consecutivo.
"Como é um setor muito sensível às restrições de crédito, ao encarecimento do crédito, à própria evolução menos favorável do mercado de trabalho e da renda do trabalhador, os (bens) duráveis têm 8,2% de queda acumulada nos últimos quatro meses", justificou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
A produção de bens de consumo duráveis recuou 13,9% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. No período, a produção de automóveis caiu 15,9%, enquanto a fabricação de eletrodomésticos diminuiu 15,8%.
"A indústria tem de adequar seu ritmo produtivo à demanda existente atualmente", ressaltou Macedo. A queda de 18,2% na atividade de veículos em janeiro ante janeiro de 2014 teve o maior impacto sobre o recuo de 5,2% registrado pelo total da indústria.
Segundo o gerente do IBGE, enquanto a indústria automotiva vem se destacando entre as principais contribuições negativas, o setor extrativo se sobressai com taxas positivas.
"A extração não só de minério de ferro, mas também de petróleo, tem impulsionando mais o setor industrial. O setor extrativo vem tentando puxar para cima esse resultado (da indústria), e no patamar oposto está o setor de veículos", disse Macedo.
O pesquisador ressalta que, ao longo de 2014, houve diferença marcante entre o desempenho da indústria extrativa e da indústria de transformação no País.
"Você tem a indústria de transformação como um todo com comportamento de queda, e a extrativa na direção oposta, puxada por algum tempo pelo minério de ferro, mas depois também na companhia de petróleo e gás", resumiu.
Caminhões
Após um período de férias coletivas, a retomada na produção de caminhões ajudou a melhorar o resultado de bens de capital em janeiro. A categoria teve avanço de 9,1% em relação a dezembro, após o recuo de 11,5% registrado no mês anterior.
"Muito da queda de dezembro em bens de capital tinha a ver com paralisação da produção e férias coletivas na linha de montagem de caminhões. A retomada na produção em janeiro tem um reflexo positivo para bens de capital", disse Macedo.
Em três meses de recuo na produção, de outubro a dezembro, a categoria de bens de capital acumulou uma queda de 13,4%. Portanto, a alta de janeiro ainda não recupera as perdas anteriores. "Quando eu confronto com janeiro de 2014, caminhões permanecem pressionando bens de capital para baixo", acrescentou o pesquisador.
Em relação a janeiro de 2014, a categoria de bens de capital teve queda de 16,4%. No mesmo período, a fabricação de bens de capital para transporte despencou 21,4%.