Previdência começa a caminhar no Senado com audiência na CCJ
A expectativa é que o texto que veio da Câmara seja apreciado em primeiro turno pelos senadores até 18 de setembro
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2019 às 06h38.
Última atualização em 19 de agosto de 2019 às 14h43.
Depois de a reforma da Previdência ter o seu calendário de tramitação definido no Senado, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que muda as regras de aposentadoria deve começar a dar os primeiros de sua segunda fase da tramitação a partir desta segunda-feira, 19.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado realizará as primeiras audiências públicas sobre o tema entre esta segunda e a próxima quinta-feira. A ideia é agilizar os trabalhos para que o texto seja apreciado em primeiro turno, no plenário, até 18 de setembro.
Para esta semana, a ideia é que a CCJ avalie o texto da reforma em audiências públicas com a presença de especialistas e representantes do governo. As reuniões foram solicitadas pelorelator da Previdência no Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), e já nessa segunda-feira o colegiado deverá ouvir nomes como o do secretário especial de Trabalho e Previdência, Rogério Marinho, e do ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
Um requerimento apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) solicita ainda o comparecimento do ministro da Economia Paulo Guedes , visita até o momento não confirmada.
O calendário definido pelos senadores na semana passada prevê que todo o rito de aprovação seja concluído até 2 de outubro, e isso inclui a aprovação da matéria em dois turnos pelo plenário da casa. Para cumprir o objetivo, nem tudo deverá sair como deseja o governo.
Assuntos como a capitalização devem ser adiados a fim de evitar atrasos.“Acho que este momento não é propício à discussão porque de alguma maneira ela já foi, vamos dizer, demonizada dentro de alguns círculos e na Câmara. Então, acho que essa discussão pode vir, ela não é urgente, ela pode vir em seguida à aprovação da própria reforma da previdência”, disse Jereissati sobre a capitalização.
Não só a capitalização, mas também a inclusão de estados e municípios na reforma, devem continuar sendo assuntos deixados de lado para não atrapalhar a aprovação do texto principal.
Em paralelo, uma comissão especial montada na Câmara pretende votar a reforma dos militares até o final de setembro — é mais um ponto retirado do texto principal sob o pretexto de agilizar as votações.
Apesar da tendência de o texto permanecer o mesmo, procuradores de Justiça devem pedir suavização das regras.
Na última quarta-feira, uma comitiva se reuniu com o senador Tasso Jereissati para pedir alterações em artigos considerados críticos.
Entre as principais queixas, estão a alíquota progressiva, que pode elevar a contribuição previdenciária de um promotor de R$ 3,7 mil (11%) para R$ 5,6 mil (16,8%) sobre o salário bruto (R$ 33,6 mil); a redução de até dois terços da pensão por morte, hoje em R$ 25,3 mil; e as regras de transição para quem entrou na carreira a partir de 2004.
“Todos nós temos consciência de que a reforma da Previdência é necessária. O problema é que tem muitos pontos que não atentam para as peculiaridades das carreiras de Estado. Aqueles que entraram após 2003 e recolheram (INSS) pelo teto salarial, por exemplo, vão ter de se aposentar pelo teto do regime geral”, disse o presidente do CNPG, Paulo Cezar dos Passos.