Preço dos combustíveis ainda pressiona a inflação; tendência, no entanto, é de queda (Divulgação/Petrobras)
Da Redação
Publicado em 20 de maio de 2011 às 14h40.
São Paulo - A prévia da inflação oficial do Brasil neste mês registrou alta de 0,70%, inferior à taxa de 0,77% de abril. Apesar da desaceleração, o IPCA-15 acumula alta de 6,51% em 12 meses, ultrapassando o teto da meta (6,5%).
Reportagem recente de EXAME.com mostrou que a matemática da inflação vai jogar contra o governo nos próximos meses, fato que já se confirma na prévia de maio.
Nesta semana, o boletim Focus do Banco Central, que colhe semanalmente as previsões de analistas de cerca de 100 instituições financeiras, mostrou nova redução nas projeções dos economistas para a inflação oficial deste ano.
Sobre o IPCA-15 divulgado nesta sexta-feira (20), a diferença de 0,07 ponto percentual da taxa de abril (0,77%) para maio (0,70%) é explicada, principalmente, pelos grupos alimentação e bebidas, que passou dos 0,79% para 0,54%, e transporte, que foi de 1,45% para 0,93% (veja quadros na próxima página).
"O menor ritmo de crescimento nos preços do grupo dos alimentos (de 0,79% em abril para 0,54% em maio) se deveu aos produtos in natura e por aqueles consumidos fora do domicílio. O tomate ficou 9,18% mais barato no mês, assim como as frutas (-2,90%) e as hortaliças (-1,51%), que também tiveram reduções em seus preços", informa o IBGE.
Nas refeições fora de casa, item importante no orçamento das famílias, com peso de 4,54% no índice, a redução na taxa de crescimento foi significativa, passando dos 0,91% de abril para 0,47% em maio. Já os lanches consumidos fora das residências apresentaram queda de 0,63% ante alta de 0,54% em abril.
No grupo Transporte, a menor variação das tarifas dos ônibus urbanos (de 0,62% de abril para 0,14% em maio) contribuiu para a redução da taxa no mês.
A questão dos combustíveis continua gerando dor de cabeça para o governo, embora a tendência seja de queda dos preços. Segundo o IBGE, apesar de o ritmo de alta do preço do litro do etanol ter diminuído substancialmente (variou apenas 0,01% ante 16,40% em abril), o litro da gasolina, que já havia aumentado 4,28% em abril, subiu ainda mais em maio (5,30%).
"(O litro da gasolina) foi responsável por 0,21 ponto percentual de impacto, o maior do mês, representando 30% do IPCA-15. Com isto, a alta da gasolina chegou a 11,82% neste ano, influenciada pelo etanol, que a ultrapassou e atingiu 30,70%", diz relatório do instituto.
Veja o desempenho de cada grupo pesquisado pelos técnicos do IBGE:
Grupos | Variação em maio |
---|---|
Alimentação e Bebidas | 0,54% |
Transportes | 1,93% |
Vestuário | 1,30% |
Despesas Pessoais | 0,81% |
Habitação | 0,93% |
Artigos de Residência | -0,28% |
Saúde e Cuidados Pessoais | 0,96% |
Educação | 0,05% |
Comunicação | 0,09% |
IPCA-15 total | 0,70% |
O IBGE também divulga a prévia da inflação oficial medida em várias regiões. Goiânia (1,07%) liderou a alta dos preços enquanto Belém teve a menor variação (0,36%).
Regiões | Março |
---|---|
Goiânia | 1,07% |
Porto Alegre | 0,91% |
Belo Horizonte | 0,85% |
Salvador | 0,85% |
Curitiba | 0,81% |
Rio de Janeiro | 0,75% |
Recife | 0,70% |
Brasília | 0,65% |
Fortaleza | 0,54% |
São Paulo | 0,53% |
Belém | 0,36% |
Brasil | 0,70% |
O IPCA-15 tem a mesma metodologia utilizada no IPCA, a inflação oficial. A diferença está no período de coleta de preços, que, no índice divulgado nesta sexta-feira (20), foi de 13 de abril a 13 de maio.