De acordo com o IBGE, a aceleração da alta do IPCA-15 deveu-se aos grupos Habitação, que avançou 0,75 por cento em abril ante alta de 0,44 por cento em março (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2012 às 09h36.
São Paulo - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) -considerado uma prévia da inflação oficial- subiu mais do que o esperado em abril ao acelerar a alta para 0,43 por cento, ante variação positiva de 0,25 por cento em março, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Pesquisa realizada pela Reuters apontou que o indicador subiria 0,37 por cento em abril, de acordo com a mediana de 21 previsões de bancos e corretoras. As estimativas variaram de 0,24 a 0,45 por cento.
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 registrou alta de 5,25 por cento, abaixo dos 12 meses imediatamente anteriores, quando ficou em 5,61 por cento. O acumulado no ano é de 1,87 por cento, abaixo do resultado de igual período de 2011 de 3,14 por cento.
De acordo com o IBGE, a aceleração da alta do IPCA-15 deveu-se aos grupos Habitação, que avançou 0,75 por cento em abril ante alta de 0,44 por cento em março; e Despesas Pessoais, que subiu 1,43 por cento, ante alta de 0,60 por cento no período anterior.
Juntos, os dois grupos responderam por 58 por cento do índice no mês, com impacto de 0,25 ponto percentual, sendo 0,14 ponto relativo às Despesas Pessoais e 0,11 ponto à Habitação.
Em Despesas Pessoais, o destaque foi o cigarro, que avançou 5,56 por cento em abril ante estabilidade em março, e empregado doméstico, que avançou 1,87 por cento ante 1,38 por cento anteriormente.
Já em Habitação a pressão veio de aluguel residencial, que acelerou a alta para 0,82 por cento, ante 0,45 por cento em março; condomínio, com alta de 1,01 por cento ante 0,48 por cento; e mão de obra para pequenos reparos, com avanço de 1,31 por cento ante 1,03 por cento.
Em março, o IPCA-15 havia mostrado uma forte desaceleração frente à alta de 0,53 por cento registrada em fevereiro, puxada pelos preços do segmento de educação, que perderam força no mês passado.
O Banco Central vem repetidamente afirmando que a inflação vai convergir para o centro da meta oficial de 4,5 por cento pelo IPCA no fim do ano. Na segunda-feira, Relatório Focus divulgado pela autoridade monetária mostrou que as estimativas do mercado apontam que o IPCA fechará 2012 em 5,08 por cento, e 2013 em 5,50 por cento.
Em março, o IPCA subiu menos do que o esperado, com alta de 0,21 por cento no mês e de 5,24 por cento no acumulado em 12 meses, ante 5,85 por cento nos 12 meses até fevereiro.
POLÍTICA MONETÁRIA A perspectiva de que a inflação se aproximará da meta após atingir o maior nível em sete anos no ano passado é crucial para o BC. A desaceleração da inflação justifica o processo de afrouxamento da política monetária, que culminou na semana passada com a redução da taxa Selic em 0,75 ponto porcentual, para 9 por cento ao ano.
Foi o sexto corte seguido desde agosto passado, e o Comitê de Política Monetário (Copom) deixou em aberto a possibilidade de continuar reduzindo a taxa básica de juros, segundo analistas. Por isso, a expectativa no mercado agora gira em torno da divulgação da ata do Copom na próxima quinta-feira, em busca de uma ideia mais clara de quais deverão ser os próximos passos da autoridade monetária em relação à taxa de juros.
Após a reunião do Copom, a curva de juros futuros dos contratos DI chegou a precificar mais uma queda de 0,50 ponto percentual na Selic na reunião de maio do Comitê, com outras apostas indicando redução de 0,25 ponto percentual.
De acordo com o último relatório Focus, os analistas do mercado reafirmaram a previsão de que a Selic será mantida em 9 por cento ao ano na próxima reunião do Copom, em maio, e que permanecerá nesse nível até o final do ano. A previsão para o final de 2013 foi mantida em 10 por cento.
O controle da inflação é uma preocupação do governo para dar espaço para mais afrouxamento na política monetária e garantir crescimento da economia brasileira na casa de 4 por cento neste ano. Por enquanto, a atividade continua patinando, conforme mostram dados recentes, como o Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br).
Considerado uma espécie de sinalizador do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o indicador caiu 0,23 por cento em fevereiro ante janeiro. Foi o segundo mês seguido de contração, indicando que a economia terá um primeiro trimestre ainda ruim. No acumulado de 12 meses, o IBC-Br mostrou expansão de apenas 2,05 por cento em fevereiro.
Por conta disso, o governo também anunciou uma série de medidas para estimular o crescimento, com foco especial na indústria nacional.