Economia

Presidente chinês abre Fórum de Davos à sombra de Trump

Um membro da equipe de transição do presidente eleito, Anthony Scaramucci, tomará a palavra duas horas depois do presidente Xi

Xi Jinping: será o primeiro presidente chinês a falar em Davos (Ruben Sprich/Reuters)

Xi Jinping: será o primeiro presidente chinês a falar em Davos (Ruben Sprich/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de janeiro de 2017 às 10h34.

Última atualização em 17 de janeiro de 2017 às 10h42.

O presidente chinês, Xi Jinping, apresenta nesta terça-feira em Davos sua visão econômica a elites mundiais abaladas pela crescente hostilidade da opinião pública diante da globalização, o que contribuiu para levar Donald Trump à Casa Branca.

Xi Jinping é o primeiro presidente chinês a falar em Davos.

"À luz dos (...) novos desafios internacionais, o presidente Xi exporá a visão da China sobre a globalização", explicou Li Baodong, vice-ministro chinês das Relações Exteriores.

Será o discurso inaugural de Davos, onde estão reunidos até sexta-feira 3.000 líderes econômicos e políticos de todo o mundo.

Estará ausente, no entanto, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que na sexta-feira assumirá a presidência e que construiu seu êxito eleitoral criticando o livre comércio.

Um membro da equipe de transição do presidente eleito, Anthony Scaramucci, tomará a palavra duas horas depois do presidente Xi.

Há quase 50 anos, Davos reúne dirigentes de empresas, chefes de governo, políticos, artistas, uma elite globalmente próxima ao livre comércio sob todas as suas formas.

Na estação de esqui dos Alpes suíços debatem as orientações do mundo e falam discretamente de negócios.

"Ouvir as pessoas"

Mas esta nova edição tem um sabor particular, diante da hostilidade crescente de uma parte importante da população ocidental à globalização, principalmente uma classe média em processo de pauperização.

Nos Estados Unidos votaram em Trump, no Reino Unido a favor do Brexit e na França ou na Alemanha ameaçam abalar o tabuleiro político.

Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial (WEF), é consciente deste processo. Colocou esta edição sob o sinal da responsabilidade dos líderes, estimando que devem buscar a razão pela qual as pessoas estão irritadas e insatisfeitas.

O WEF - para quem a exclusão social e as desigualdades são os principais perigos para 2017 - publicou na segunda-feira um estudo que mostra que a renda média anual retrocedeu nos países desenvolvidos nos últimos cinco anos.

"Devemos ouvir o que as pessoas dizem. As vantagens da globalização são mais claras nos países emergentes que nos países desenvolvidos", comentou à AFP Sergio Ermotti, chefe do banco suíço UBS.

O que é "paradoxal" é que, junto a isso, as antecipações macroeconômicas são mais favoráveis, indicou à AFP Narimam Behravesh, economista chefe da consultora IHS Markit. Mas "a tecnologia e a globalização estão deixando muita gente pelo caminho".

"Como acontece em todos os anos, com a cumplicidade dos grandes meios de comunicação, estas elites tentarão passar uma imagem positiva de sua 'liderança' sobre a globalização. Serão obrigadas a levar em conta a revolta crescente dos povos que perturba a ordem neoliberal", denunciou a organização não governamental Attac.

Desigualdade crescente

Como acontece todos os anos antes do Fórum, a ONG Oxfam publicou seu tradicional estudo sobre as desigualdades, que explica neste ano que os oito homens mais ricos possuem tanto quanto a metade mais pobre do planeta.

Segundo um estudo da consultora de relações públicas Edelman, a confiança nos governos, empresas, meios de comunicação e organizações não governamentais caiu em 28 países estudados. É uma "implosão da confiança", segundo o chefe Richard Edelman.

"Depois de 30 anos de lucros recorde, o mundo dos negócios tinha a possibilidade de oferecer prosperidade a todos, mas falhou e agora paga o preço político", segundo a federação sindical internacional UNI Global Unioni, cujo chefe, Philip Jennings, costuma comparecer a Davos.

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