Economia

Preços de combustíveis da Petrobras ainda superam os do exterior

Em relatório, analistas classificam como "inesperada" a decisão da empresa de revisar os preços em um intervalo inferior a um mês

Preços: o óleo diesel vendido nas refinarias da Petrobras ficou 6,1% mais caro no dia 5 deste mês, enquanto a gasolina se manteve inalterada (Dado Galdieri/Bloomberg)

Preços: o óleo diesel vendido nas refinarias da Petrobras ficou 6,1% mais caro no dia 5 deste mês, enquanto a gasolina se manteve inalterada (Dado Galdieri/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 20h00.

Rio - Os preços da gasolina e do óleo diesel da Petrobras ainda estão mais elevados que os praticados no mercado internacional. Mesmo após as quedas de 1,4% da gasolina e de 5,1% do diesel, anunciadas na quinta-feira, 26, a estatal ainda vende combustíveis 6% e 1,5%, respectivamente, acima dos importados, segundo os analistas do Bradesco BBI, Filipe Gouveia e Osmar Camilo.

Em relatório, eles classificam como "inesperada" a decisão da empresa de revisar os preços em um intervalo inferior a um mês. Mas ressaltam que, ao decidir pela revisão, a empresa demonstra acompanhar as oscilações do mercado externo.

O óleo diesel vendido nas refinarias da Petrobras ficou 6,1% mais caro no dia 5 deste mês, enquanto a gasolina se manteve inalterada.

"O segundo ajuste dos preços domésticos em janeiro estavam fora do radar, mas não deve ser encarado com surpresa", afirmaram Gouveia e Camilo, acrescentando que a companhia demonstrou nas quinta-feira ao mercado que poderá anunciar alterações em um intervalo inferior a um mês.

"Isso revela que a política de preços da companhia realmente funciona", acrescentaram.

O Bradesco prevê que o reajuste anunciado na quinta terá impacto negativo de aproximadamente 4% sobre a geração de caixa da Petrobras neste ano.

Ainda assim, a previsão é que a empresa chegará ao ano de 2018 com nível de alavancagem próximo à meta de 2,5 vezes. A projeção do banco é de 2,8 vezes.

O ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) e professor do Grupo de Economia da Energia (GEE) da UFRJ, Helder Queiroz, ressalta, no entanto, a falta de transparência da empresa na condução dos preços dos combustíveis, o que, em sua opinião, afasta investidores da área de refino, hoje controlada pela estatal.

Há apenas uma refinaria privada em funcionamento no Brasil, a de Manguinhos, no Rio de Janeiro.

"Pode ser bom para a Petrobras, mas não é suficiente para atrair investidores. Além disso, gera uma confusão na cadeia. As distribuidoras não estavam acostumadas a essa oscilação", opinou.

Em outubro do ano passado, a Petrobras anunciou que adotaria uma política de preços da gasolina e do óleo diesel para acompanhar as oscilações externas e também do real frente ao dólar.

Na época, anunciou também que "a nova política prevê avaliações para revisões de preços pelo menos uma vez por mês", como trouxe o comunicado divulgado pela empresa.

Para o professor da UFRJ, sem a divulgação pela Petrobras dos critérios usados para definir alterações nos preços, o mercado fica à mercê da estratégia empresarial.

Ele diz ainda que o consumidor deve se manter atento a "apropriações indevidas das margens" por distribuidoras e donos de postos.

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