Economia

Poupança tem resgate líquido de R$ 6,261 bilhões em junho

Até então, o pior junho para a caderneta havia sido em 1999. Na ocasião, o resultado ficou negativo em R$ 1,4 bilhão


	O resultado do 1º semestre também é significativo, já que desde 2005, não se via um volume de resgates maior do que o de aplicações em todos os meses da primeira metade de um ano
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

O resultado do 1º semestre também é significativo, já que desde 2005, não se via um volume de resgates maior do que o de aplicações em todos os meses da primeira metade de um ano (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 6 de julho de 2015 às 16h19.

Brasília - A quantia de saques da poupança superou a de depósitos em junho em R$ 6,261 bilhões, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 06, pelo Banco Central.

Na primeira metade de 2015, o total resgatado dessa aplicação foi de R$ 38,542 bilhões. Nos dois casos, tratam-se dos maiores volumes dos últimos 20 anos para os períodos (mês de junho e primeira metade do ano), desde quando a instituição começou a compilar as informações disponíveis até hoje, em 1995.

Até então, o pior junho para a caderneta havia sido em 1999. Na ocasião, o resultado ficou negativo em R$ 1,4 bilhão.

O resultado do primeiro semestre também é significativo, já que há 10 anos, desde 2005, não se via um volume de resgates maior do que o de aplicações em todos os meses da primeira metade de um ano. Em janeiro, o resultado ficou negativo em R$ 5,5 bilhões e, em fevereiro, em R$ 6,3 bilhões.

Em março, os resgates superaram os depósitos em R$ 11,4 bilhões e, em abril, em R$ 5,8 bilhões. Em maio, o saldo ficou no vermelho em R$ 3,2 bilhões.

O resultado de março foi, portanto, o pior da série histórica do BC para um mês e o de junho, o terceiro pior, atrás também do de fevereiro.

Com o resultado de junho, o saldo total da poupança ficou em R$ 646,561 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 4,049 bilhões.

Os depósitos na caderneta somaram R$ 162,853 bilhões no mês passado, enquanto as retiradas foram de R$ 169,114 bilhões.

A situação de junho só não foi pior porque, no último dia do mês, a quantidade de aplicações foi R$ 3,844 bilhões maior do que o das retiradas.

Até o dia 29, o saldo da caderneta estava no vermelho em R$ 10,105 bilhões em junho. É comum ocorrer um aumento dos depósitos no último dia de cada mês por conta de aplicações automáticas e de sobras de salários.

Remuneração

O que tem ocorrido nos últimos meses, no entanto, é que essa sobra tem sido cada vez menor. Além disso, com o atual ciclo de alta dos juros básicos e do dólar tornando outros investimentos mais atrativos, a caderneta de poupança perde o brilho.

Até porque, há três anos a forma de remuneração da aplicação mudou. Pela regra de maio de 2012, sempre que a taxa básica de juros, a Selic, for igual ou menor que 8,5% ao ano, o rendimento passa a ser 70% da Selic mais a Taxa Referencial (TR).

Atualmente, a taxa básica está em 13,75% ao ano. Quando o juro sobe a partir de 8,75% ao ano, passa a valer a regra antiga de remuneração fixa de 0,5% ao mês mais a TR.

Compulsório

Por conta dessa sangria na poupança vista desde o início do ano, o setor imobiliário passou a reclamar de falta de recursos para financiamentos de casas e apartamentos.

Para minimizar esse quadro, o BC decidiu liberar os bancos para usar R$ 22,5 bilhões dos depósitos da poupança que são obrigados a manter na instituição para desembolsos nas operações de financiamento habitacional e rural.

A decisão foi tomada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão que reúne o BC e os ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Foi reduzida a obrigatoriedade de guardar uma parte dos depósitos da caderneta no BC desde que os recursos fossem usados para financiamento habitacional (até R$ 22,5 bilhões) e empréstimos a produtores rurais (outros R$ 2,5 bilhões).

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