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Por que as previsões da retomada minguaram (mesmo antes da greve)

O IBGE divulga nesta quarta-feira (30) o crescimento do PIB no 1º trimestre do ano com maior pessimismo de consultorias e do próprio governo

Funcionários trabalham em fábrica em Manaus (Jianan Yu/Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de maio de 2018 às 11h52.

Última atualização em 29 de maio de 2018 às 13h21.

São Paulo - O IBGE divulga na manhã desta quarta-feira (30) o crescimento do Produto Interno Bruto ( PIB ) no 1º trimestre do ano.

A MCM Consultores projeta alta de 0,3% em relação ao trimestre anterior, um pouco abaixo dos 0,5% previstos pela MB Associados.

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Ambos os números foram revisados para baixo recentemente, parte de um movimento geral de pessimismo com o ritmo da retomada econômica.

Com a queda na taxa de juros, baixa inflação e um crescimento de 1% em 2017, a expectativa era que o cenário estaria colocado para uma boa aceleração já no início do ano.

Mas os últimos dados chegaram mais fracos do que o esperado. De acordo com o IBGE, o setor de Serviços recuou 0,9% no primeiro trimestre deste ano após crescer 0,5% no quarto trimestre de 2017.

Já o setor industrial teve queda brusca de 2,2% em janeiro e terminou o primeiro trimestre de 2018 estagnado em relação ao trimestre anterior.

No dia 22 de maio, o governo federal reduziu sua estimativa de crescimento para o ano de 2,75% para 2,5%.

Uma semana depois, já incorporados os primeiros efeitos da greve dos caminhoneiros, o mercado financeiro revisou sua projeção de crescimento para o ano de 2,5% para 2,37%.

Moeda e desemprego

Em dezembro, os Estados Unidos aumentaram os juros. Isso já era esperado, mas com o aquecimento da economia americana, cresceu também a expectativa do número de altas neste ano.

Isso torna os títulos americanos mais atrativos na comparação, depreciando a taxa de câmbio dos emergentes. Além disso, o petróleo teve uma alta significativa.

“Tais condições afetam a confiança do mercado na moeda brasileira e aumentam o custo de produção”, disse Mauro Schhneider, economista da MCM Consultores.

Outro fator é o alto desemprego. Schneider avalia que a dinâmica de criação de empregos perdeu força e a geração de novas vagas este ano está estagnada, o que manteria o número de desempregados em 13,7 milhões nos próximos meses.

“A tendência é de que o desemprego se mantenha como está ou tenha uma pequena queda”, afirmou o economista.

Nesta terça-feira (29), o IBGE divulgou que a taxa de desemprego foi de 12,9% no trimestre encerrado em abril, um pouco abaixo dos 13,1% do primeiro trimestre e dos 13,6% do mesmo período de 2017.

Isso não significa, no entanto, uma melhora evidente do mercado de trabalho, pois é recorde a subutilização da força de trabalho e o desalento, com muitos desistindo de procurar emprego e saindo da estatística.

Reformas e eleições

De acordo com Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o “governo Temer morreu em maio de 2017, após as denúncias envolvendo o presidente em casos de corrupção”.

Para o economista, o desgaste político de Temer gerou atrasos na aprovação de reformas, essenciais para a melhora do cenário e paradas desde fevereiro, e é "alta a expectativa com o futuro governo".

Schhneider concorda que reformas são essenciais para um bom ambiente, para o equilíbrio macroeconômico e para atrair novos investimentos.

“Com o adiamento de reformas tributárias ou de cunho fiscal, a economia brasileira perde sua competitividade e aumenta a incerteza sobre o próximo governo”, afirmou ele.

Apesar de concordar com a necessidade de grandes mudanças, Schneider não aposta que elas vão ocorrer por falta seja de força política ou de planos econômicos consistentes.

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