O bilionário Donald Trump (Andrew Harrer/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 12 de novembro de 2016 às 08h00.
Última atualização em 12 de novembro de 2016 às 08h00.
São Paulo - Cortes de impostos, altas de gastos, restrições à imigração, renegociação de tratados comerciais e imposição de tarifas em produtos chineses.
Essas são algumas das propostas que o presidente eleito Donald Trump defendeu durante a campanha.
O que elas têm em comum? O potencial de causar um aumento da inflação nos Estados Unidos.
Colocar tarifas de até 45% sobre produtos chineses, por exemplo, ou transferir parte da produção industrial para dentro dos Estados Unidos levaria a um aumento de custos com impacto certeiro.
"Vai matar o Walmart, machucar o Starbucks, prejudicar a Apple. Todo mundo hoje tem produção lá, isso para não mencionar riscos como um surto inflacionário nos EUA. O americano é que vai pagar a conta", disse Marcos Troyjo, economista que dirige o BRICLab da Universidade Columbia em Nova York, em entrevista para EXAME.com.
Fazer deportação em massa e impedir a entrada de imigrantes em um momento de desemprego baixo significa diminuir o tamanho da força de trabalho, causando impacto nos salários e na inflação.
O mesmo pode ser dito da ideia de Trump de gastar mais para reformar a infraestrutura americana, o que também estava nos planos de Hillary Clinton e até por isso tem mais probabilidade de sair do papel.
O problema é que Trump soma a isso um plano de corte de impostos que levaria a um aumento forte do déficit.
A dúvida é até que ponto o presidente Trump vai seguir o que foi dito pelo candidato Trump.
Além dos alertas de economistas, ele terá que lidar com resistências dentro de um Partido Republicano que tradicionalmente defendeu o livre comércio.
Outra dúvida é sobre o Federal Reserve, banco central americano, criticado por Trump na campanha.
O mandato de Janet Yellen vai até fevereiro de 2018 e uma nova alta de juros em dezembro era vista pelo mercado como certa, mas agora as apostas variam.
Um pouco mais de inflação nem seria tão ruim, já que a taxa segue abaixo da meta. O problema é se ela fugir de controle sem trazer mais crescimento, colocando o Fed em uma saia justa.
"Nós acreditamos que as políticas do presidente eleito provavelmente serão inflacionárias, e que então o Fed gostaria de defender sua meta de inflação de 2%. Esse é um dilema com o qual o Bank of England se familiarizou pós-Brexit. Dada a escolha entre priorizar crescimento ou inflação, o Fed provavelmente defenderá o crescimento", diz um relatório da gestora de investimentos Manulife Asset Management.