Ernesto Samper: o secretário-geral também pediu a preservação da democracia e destacou que qualquer saída para a crise política deve manter os parlamentos abertos (Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2016 às 13h44.
Rio de Janeiro - O secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, alertou nesta terça-feira, em visita ao Brasil, que os planos de ajuste fiscal que alguns governos de países da região estão colocando em prática podem contribuir ao aumento da pobreza.
Em discurso no Rio de Janeiro, Samper afirmou que concentrar o peso do ajuste nos setores mais desfavorecidos pode ser "dramático" para a população e "perigoso" do ponto de vista político.
"Não podemos deixar que o resultado da crise econômica e da aplicação dos programas que terão que ser feitos para sair dela recaiam sobre os setores mais desfavorecidos", disse Samper, durante a abertura de um seminário regional organizado pelo Conselho Mundial de Energia.
Samper citou números da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), segundo os quais entre oito e dez milhões de latino-americanos que tinham saído da pobreza na última década retornaram a sua condição anterior.
O secretário-geral da Unasul também pediu a preservação da democracia na América do Sul e destacou que qualquer saída para a crise política deve passar por manter os parlamentos abertos.
"Apesar das muitas dificuldades que existem no funcionamento da democracia, a única coisa que segue estabelecendo diferença entre ditaduras e democracias é que a existência de um Congresso", disse.
"Não caiamos nas tentações totalitárias que as saídas para a crise política que atualmente vivemos têm a ver com soluções de força ou com o protagonismo de poderes alheios à legitimidade política", completou o também ex-presidente da Colômbia.
Samper está no Brasil desde o fim de semana, quando participou do encerramento do Fórum Social Mundial de Migrações, em São Paulo. Ele deve visitar o Instituto Sul-Americano do Governo em Saúde (Isags) e participar de duas conferências com estudantes universitários. EFE