Exame Logo

Plano de Trump para deportar imigrantes pode ferir economia

Estudo do American Action Forum calcula que deportar todos os imigrantes sem documento, como propõe Trump, exigiria esforço enorme e reduziria o PIB dos EUA

As ideias econômicas de Donald Trump estão bem fora do mainstream (Scott Morgan / Reuters)

João Pedro Caleiro

Publicado em 7 de maio de 2016 às 08h01.

São Paulo - Com a saída de Ted Cruz da disputa, tudo indica que Donald Trump será o candidato republicano a presidente dos Estados Unidos .

Agora, a atenção se volta para a "plataforma" do bilionário que até agora baseou sua campanha na força de sua personalidade.

Imigração é uma das áreas onde a retórica de Trump é mais agressiva. Ele quer simplesmente banir a entrada de muçulmanos no país, o que muitos alegam ser inconstitucional.

Trump também fala em construir um muro na fronteira com o México (pago pelo vizinho) e em deportar, no espaço de 2 anos, todos os imigrantes sem documento que moram nos EUA.

Nesta semana, um think tank de "centro-direita" chamado American Action Forum lançou um estudo mostrando quais seriam as consequências de expulsar este contingente, estimado em 11 milhões de pessoas.

Consequências

Em primeiro lugar, o plano exigiria um esforço legal e burocrático monumental, além da multiplicação em dezenas de vezes da equipe e das instalações responsáveis pelas deportações.

Isso sem falar no esforço necessário para prevenir a entrada de novos imigrantes do tipo no futuro. A conta final: algo entre 400 bilhões e 600 bilhões de dólares.

As consequências seriam ainda piores na economia como um todo. Os pesquisadores consideraram dois cenários: no primeiro, todos as vagas hoje ocupadas por estes imigrantes são preenchidas por nativos. No segundo cenário, apenas uma parte.

A perda da força de trabalho ficaria entre 4 milhões e 6,8 milhões de pessoas, levando a uma queda de 2,9% a 4,7% na produção do setor privado - ou algo entre US$ 381 bilhões e US$ 623 bilhões.

As consequências seriam particularmente danosas nos setores que mais dependem destes trabalhadores, como agricultura, construção, lazer e hotelaria.

Como os números são de 2012 e hoje o desemprego é menor, é possível que o cálculo esteja superestimando os trabalhadores disponíveis para tomar este espaço.

Mas também é possível que pessoas hoje fora da força de trabalho voltem para ocupar estas vagas, o que diminuiria o impacto.

Detalhe: o estudo sequer considera o impacto que a saída dos imigrantes teria sobre os níveis de consumo, investimento e empreendedorismo.

Contexto

"Na média, imigração tende a aumentar os salários dos nativos. Ironicamente, são os países que mais aceitam imigrantes que geralmente se dão melhor", diz o economista Alex Tabarrok, em entrevista para EXAME.com.

A maioria dos economistas concorda, de acordo com pesquisa da Universidade de Chicago, e estudos diversos mostram que os imigrantes criam mais empregos do que tomam.

As ideias econômicas de Trump estão bem fora do mainstream. Ele já defendeu a aplicação de um novo imposto de 45% sobre as importações chinesas como forma de compensar a fraqueza da moeda chinesa, o iuane.

Outros republicanos e vários economistas apontam que isso seria um tiro no pé que aumentaria internamente os custos para os negócios e os preços para os consumidores, além de iniciar uma verdadeira guerra comercial.

"Acho que o Trump nem entende o que é um déficit comercial, ele acha que você pode usá-lo para financiar gastos do governo. Ele não tem uma teoria coerente que vá além de assustar as pessoas em relação à China - e de forma efetiva, o que é muito perigoso", diz o economista americano Russ Roberts em entrevista para EXAME.com.

Ele diz que há preocupações legítimas com a imigração, mas completa: "fronteiras muito mais abertas do que temos hoje, nos EUA, seriam algo bom para a maioria dos americanos."

Veja também

São Paulo - Com a saída de Ted Cruz da disputa, tudo indica que Donald Trump será o candidato republicano a presidente dos Estados Unidos .

Agora, a atenção se volta para a "plataforma" do bilionário que até agora baseou sua campanha na força de sua personalidade.

Imigração é uma das áreas onde a retórica de Trump é mais agressiva. Ele quer simplesmente banir a entrada de muçulmanos no país, o que muitos alegam ser inconstitucional.

Trump também fala em construir um muro na fronteira com o México (pago pelo vizinho) e em deportar, no espaço de 2 anos, todos os imigrantes sem documento que moram nos EUA.

Nesta semana, um think tank de "centro-direita" chamado American Action Forum lançou um estudo mostrando quais seriam as consequências de expulsar este contingente, estimado em 11 milhões de pessoas.

Consequências

Em primeiro lugar, o plano exigiria um esforço legal e burocrático monumental, além da multiplicação em dezenas de vezes da equipe e das instalações responsáveis pelas deportações.

Isso sem falar no esforço necessário para prevenir a entrada de novos imigrantes do tipo no futuro. A conta final: algo entre 400 bilhões e 600 bilhões de dólares.

As consequências seriam ainda piores na economia como um todo. Os pesquisadores consideraram dois cenários: no primeiro, todos as vagas hoje ocupadas por estes imigrantes são preenchidas por nativos. No segundo cenário, apenas uma parte.

A perda da força de trabalho ficaria entre 4 milhões e 6,8 milhões de pessoas, levando a uma queda de 2,9% a 4,7% na produção do setor privado - ou algo entre US$ 381 bilhões e US$ 623 bilhões.

As consequências seriam particularmente danosas nos setores que mais dependem destes trabalhadores, como agricultura, construção, lazer e hotelaria.

Como os números são de 2012 e hoje o desemprego é menor, é possível que o cálculo esteja superestimando os trabalhadores disponíveis para tomar este espaço.

Mas também é possível que pessoas hoje fora da força de trabalho voltem para ocupar estas vagas, o que diminuiria o impacto.

Detalhe: o estudo sequer considera o impacto que a saída dos imigrantes teria sobre os níveis de consumo, investimento e empreendedorismo.

Contexto

"Na média, imigração tende a aumentar os salários dos nativos. Ironicamente, são os países que mais aceitam imigrantes que geralmente se dão melhor", diz o economista Alex Tabarrok, em entrevista para EXAME.com.

A maioria dos economistas concorda, de acordo com pesquisa da Universidade de Chicago, e estudos diversos mostram que os imigrantes criam mais empregos do que tomam.

As ideias econômicas de Trump estão bem fora do mainstream. Ele já defendeu a aplicação de um novo imposto de 45% sobre as importações chinesas como forma de compensar a fraqueza da moeda chinesa, o iuane.

Outros republicanos e vários economistas apontam que isso seria um tiro no pé que aumentaria internamente os custos para os negócios e os preços para os consumidores, além de iniciar uma verdadeira guerra comercial.

"Acho que o Trump nem entende o que é um déficit comercial, ele acha que você pode usá-lo para financiar gastos do governo. Ele não tem uma teoria coerente que vá além de assustar as pessoas em relação à China - e de forma efetiva, o que é muito perigoso", diz o economista americano Russ Roberts em entrevista para EXAME.com.

Ele diz que há preocupações legítimas com a imigração, mas completa: "fronteiras muito mais abertas do que temos hoje, nos EUA, seriam algo bom para a maioria dos americanos."

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCelebridadesDonald TrumpEmpresáriosEstados Unidos (EUA)ImigraçãoMéxicoPaíses ricos

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame