Economia

PIB mostra ano ruim e faturamento industrial deve cair 11,5%

"A indústria de materiais de construção está inserida na indústria de transformação, que deve ter neste ano uma queda muito superior à do PIB", disse Cover


	Operador de maquinário industrial: "Isso afeta muito as famílias. As pessoas ainda empregadas têm medo de serem demitidas, e acabam postergando as reformas nas moradias"
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Operador de maquinário industrial: "Isso afeta muito as famílias. As pessoas ainda empregadas têm medo de serem demitidas, e acabam postergando as reformas nas moradias" (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 13h03.

São Paulo - O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Walter Cover, avalia que o resultado do PIB do Brasil no terceiro trimestre de 2015, de queda de 1,7% em relação ao segundo trimestre deste ano, e de recuo de 4,5% ante o mesmo período de 2014, confirma a leitura de que 2015 foi um ano muito negativo como um todo - e que o faturamento real da indústria de materiais de construção deve fechar o exercício com queda de 11,5%.

"A indústria de materiais de construção está inserida na indústria de transformação, que deve ter neste ano uma queda muito superior à do PIB", disse Cover, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

"A indústria de material de construção neste ano registrar queda de 11,5% no faturamento real, resultado de uma queda de 14% na atividade na construção civil e de 8% no faturamento real do varejo", estimou.

Segundo o executivo, a retração no faturamento do varejo ocorre em função da alta no desemprego, da queda no rendimento das famílias e da dificuldade de obtenção de crédito.

"Isso afeta muito as famílias. As pessoas ainda empregadas têm medo de serem demitidas, e acabam postergando as reformas nas moradias".

Cover ressalta que, no ambiente da construção civil, o fenômeno é parecido, destacando que o mercado de infraestrutura foi bastante afetado pela conjuntura da Operação Lava Jato.

"As grandes empreiteiras pararam de operar com obras novas", disse. "Também há a falta de confiança dos empresários na economia para investir em novos empreendimentos".

O executivo ainda afirmou que é necessária uma mudança no discurso do governo, de modo a criar uma agenda positiva que permita a retomada do crescimento econômico.

"Temos que terminar o ajuste fiscal e, com isso, o governo precisa de uma proposta de crescimento. Só se fala em ajuste e aumento de imposto, e essa é uma agenda negativa. Ajudaria a criar um ambiente de negócios positivo se começarmos a ter um projeto de crescimento para meados de 2016 e 2017".

2016

Para o ano que vem, o presidente da Abramat afirma que a expectativa é de que seja um ano "menos ruim" do que 2015.

"Devemos ter uma inflação menor, ajudada pela retração econômica", disse Cover, destacando que esse fator, em combinação com os acordos salariais e com o reajuste no salário mínimo, devem gerar uma percepção de que a renda real parou de cair.

"Isso pode ajudar a restaurar a confiança, as famílias podem começar a pensar que o pior já passou".

Em relação às construtoras, o executivo também afirma que alguns fatores podem pesar favoravelmente ao longo de 2016, com os leilões de logística podendo reaquecer o mercado de obras de grande porte.

"O Minha Casa, Minha Vida nas faixas 1,5, 2 e 3, já com o dinheiro do fundo de garantia, pode ter um desempenho melhor que em 2015".

Cover ainda destaca que o dólar alto pode gerar um efeito positivo para o setor, acelerando o processo de substituição de importações e ajudando nas exportações do segmento.

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