Bandeira do Brasil no Rio de Janeiro (Cesar Okada/Getty Images)
Fabiane Stefano
Publicado em 3 de março de 2021 às 09h04.
Última atualização em 3 de março de 2021 às 10h20.
A economia brasileira encolheu 4,1% em 2020, pior desempenho já registrado desde 1996, quando o IBGE começou a série histórica. Pressionado principalmente pela queda na atividade das indústria (-35%) e dos serviços (-4,5%), o resultado do PIB interrompe uma série de pequenas altas que vinham sendo registradas desde 2017. Somento o setor da Agropecuária registrou alta, de 2%. Em valores correntes, o PIB do ano passado totalizou R$ 7,4 trilhões.
Desde 2017, o PIB brasileiro registrava altas tímidas, sempre próximo de 1%, mostrando um ritmo de recuperação da crise de 2015/16 aquém do esperado e ainda muito abaixo dos patamares de 2014. Com a pandemia, o cenário que já não era favorável se deteriorou ainda mais.
Com a alta do desemprego e o distanciamento social, o consumo das famílias recuou 5,5% em relação a 2019. As despesas do governo também caíram 4,7%. O PIB per capita (por habitante) teve queda de 4,8% em termos reais, também a menor taxa da série histórica, alcançando R$ 35,172 em 2020. E a taxa de investimentos cresceu 1 p.p. em relação a 2019, chegando a 16,4% do PIB.
Após quedas trimestrais significativas durante a pandemia, o 4º trimestre registrou uma alta de 3,2% em relação ao trimestre imediatamente anterior, puxado também pela indústria e pelos serviços, que cresceram 1,9% e 2,7%, respectivamente.
"Essa alta do 4º trimestre do ano passado, quase meio ponto percentual acima do esperado pelo mercado, deixa um legado forte para o 1º trimestre de 2021, o que facilitaria o crescimento.", explica o economista Arthur Mota, da Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da EXAME. "Mas, pelo que já temos visto, como índice de confiança e as novas medidas de isolamento, o PIB do 1º trimeste deve acabar vindo muito fraco."
Apesar da queda significativa, o resultado do PIB brasileiro ainda ficou distante do rombo registrado em outras economias do continente, como México e Argentina, cujo PIB ficou negativo na casa dos dois dígitos.
Segundo os pesquisadores do recém-lançado Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da FEA-USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo), a diferença expressiva entre os resultados do Brasil e dos seus pares latino-americanos se deve, principalmente, aos R$300 bilhões de reais que o governo federal gastou com o auxílio emergencial.
Em um cenário sem o benefício, diz o estudo, a queda do PIB brasileiro em 2020 seria de pelo menos 8,4% — 4 pontos percentuais a mais do que o esperado pelo mercado. No pior cenário sem o auxílio, a queda poderia chegar a 14,8%.
(Matéria em atualização)