Economia

Petróleo despenca quase 7% em Londres com tensão EUA-China

DoE informou que os estoques de petróleo caíram 12,633 milhões de barris na semana passada, enquanto analistas previam recuo de 3,6 milhões de barris

Para o próximo ano, a projeção é de US$ 69 por barril, a mesma do relatório mais recente, divulgado em junho (David McNew/Reuters)

Para o próximo ano, a projeção é de US$ 69 por barril, a mesma do relatório mais recente, divulgado em junho (David McNew/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de julho de 2018 às 17h52.

São Paulo - Os contratos futuros de petróleo apresentaram forte recuo nesta quarta-feira, 11, em um movimento de aversão a risco desencadeado pelo embate comercial travado entre China e Estados Unidos e por questões envolvendo a oferta global da commodity.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para entrega em agosto fechou em baixa de 5,03%, para US$ 70,38 por barril, com o pior desempenho diário desde junho de 2017. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do Brent para setembro despencou 6,92%, para US$ 73,40. No pior momento do dia, a cotação chegou a cair mais de 7%.

Um movimento técnico penalizou os preços do petróleo durante a tarde desta quarta-feira. Logo no início do dia, os contratos futuros da commodity já eram penalizados com os embates comerciais entre as duas maiores potências mundiais. Na noite de terça-feira, os EUA divulgaram uma lista de mais de 6 mil produtos chineses que podem ser alvo de tarifas de 10% a partir do fim de agosto. A China respondeu e afirmou que irá tomar "contramedidas necessárias" contra Washington, após afirmar que as ações americanas são "totalmente inaceitáveis".

"Se os EUA implementarem essa tarifa adicional sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses importados, será difícil para a China não impor tarifas maiores sobre as commodities importadas dos EUA", disse o chefe da consultoria de energia Petromatrix, Olivier Jakob. A China foi o segundo maior importador de petróleo americano no primeiro trimestre do ano, de acordo com dados publicados pelo Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos EUA. Até agora, Pequim não impôs tarifas sobre o petróleo americano e a commodity permaneceu resiliente apesar da turbulência sofrida em outros ativos, como nas ações e nos títulos públicos americanos.

O sentimento negativo em torno do petróleo se tornou ainda mais forte durante a tarde, quando a estatal de petróleo da Líbia, a National Oil Corporation (NOC), anunciou a suspensão da força maior nos portos de Ras Lanuf, Es Sider, Hariga e Zuetina, depois que as instalações foram entregues à empresa durante a manhã. De acordo com a NOC, a produção e a exportação de petróleo voltarão ao nível normal em algumas horas.

Para o vice-presidente de mercado de petróleo da Rystad Energy, Bjornar Tonhaugen, a medida foi "um grande contribuinte" para o recuo nos preços desta quarta-feira. Ele estimou, ainda, que cerca de 700 mil barris de petróleo por dia seriam devolvidos ao mercado global. "A situação na Líbia é muito precária neste momento e desafiadora na frente geopolítica", disse o analista, acrescentando que o risco de novas interrupções se mantém.

Também nesta quarta-feira, o DoE informou que os estoques de petróleo caíram 12,633 milhões de barris na semana passada, enquanto analistas previam recuo de 3,6 milhões de barris. O relatório semanal, no entanto, não recebeu as atenções do mercado, mas outro documento do departamento foi monitorado pelos investidores. Nele, o DoE mantém em US$ 73 a previsão da cotação média para o preço do petróleo Brent, negociado na ICE, durante o segundo semestre deste ano. Para o próximo ano, a projeção é de US$ 69 por barril, a mesma do relatório mais recente, divulgado em junho.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Petróleo

Mais de Economia

Contas externas têm saldo negativo de US$ 3,1 bilhões em novembro

Boletim Focus: mercado eleva estimativa de inflação para 2024 e 2025

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025