Agência de notícias
Publicado em 11 de maio de 2024 às 09h04.
A Petrobras anunciou a criação de novas modalidades comerciais para a venda de gás natural para as distribuidoras estaduais, como a Naturgy, ex-Ceg, no Rio, e Comgás, em São Paulo.
Sem dar detalhes, a estatal disse que vai criar para as distribuidoras “um novo mecanismo” de preço. Esse novo critério pode permitir uma redução adicional de até 10% nos valores da molécula de gás que são cobrados hoje pela estatal.
Analistas de mercado e fontes do setor acreditam que a Petrobras vai na prática ampliar o leque de opções de venda de gás às empresas. Atualmente, a estatal oferece às distribuidoras de gás contratos de 5, 7, 9 e 11 anos, lembra Bruno Armbrust, da ARM consultoria.
Assim, quanto mais longo o contrato menor é o valor da molécula de gás que é cobrado pela estatal. Além disso, esses contratos passam por reajustes trimestrais para se adequar ao câmbio e ao preço do barril do petróleo. Há ainda um outro reajuste anual.
— É preciso conhecer os detalhes. De qualquer maneira, é uma boa sinalização a Petrobras baixar os preços. Embora não haja informações, as mudanças podem envolver prazo maior que 11 anos ou fornecimento não firme de menor prazo — explica Armbrust, lembrando que a estatal cobra pela molécula hoje de 11,9% a 14% do preço do barril do petróleo.
Outro especialista lembra que a estatal pode oferecer ainda preços menores em caso de aumento do volume contratado pela distribuidora de gás, por exemplo. Desde janeiro, a queda no preço da molécula vendida pela estatal às distribuidoras já chega a 25%. Para que a redução adicional de 10% chegue ao consumidor final, as distribuidoras precisam aderir às novas contratações.
Os novos modelos de precificação de gás anunciados pela estatal valem apenas para o gás de cozinha encanado e o gás veicular. O gás de botijão (GLP) não faz parte. Além do preço da molécula vendida pela Petrobras, o preço final do gás tem ainda o custo do transporte, a margem de lucro das empresas distribuidoras e os tributos federais e estaduais.
Em comunicado, a Petrobras informou também que vai ofertar novas modalidades para vender o gás de forma “mais customizada e competitiva” para as empresas que compram energia no mercado livre. O objetivo é aumentar sua presença como fornecedora entre as grandes empresas que vêm recorrendo a diversas fontes para gerar sua própria energia, dizem especialistas.
— A Petrobras fala que a nova política seria extensiva ao mercado livre. Isso pode ser uma estratégia da empresa para evitar perder mercado para outras empresas — destaca Armbrust.
Armbrust lembra que é importante atualizar as regras do mercado de livre para as distribuidoras de gás poderem escolher os fornecedores.
— Elas poderiam descontratar o volume e migrar para o mercado livre. É a única forma dos consumidores se beneficiarem, mas isso ainda depende das agências reguladoras estaduais.