Economia

Petrobras aumenta em quase 8% o preço da gasolina nas refinarias

Repasse dos reajustes na gasolina nas refinarias aos consumidores finais nos postos não é garantido, e depende de uma série de questões

Caminhão-tanque em refinaria da Petrobras em Canoas (RS) (Diego Vara/Reuters)

Caminhão-tanque em refinaria da Petrobras em Canoas (RS) (Diego Vara/Reuters)

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Reuters

Publicado em 18 de janeiro de 2021 às 16h00.

A Petrobras elevará o preço médio da gasolina nas refinarias em cerca de 8% a partir de terça-feira, após três semanas sem mudanças nas cotações, segundo dados da petroleira estatal e cálculos da Reuters nesta segunda-feira.

O diesel, que teve o último reajuste também há três semanas, foi mantido estável, apesar de especialistas e agentes do mercado apontarem defasagem ante valores praticados no exterior.

Com a variação anunciada nesta segunda-feira, a petroleira elevou o valor da gasolina em média em 0,15 real por litro, para média de 1,98 real por litro.

 

 

O reajuste vem após o preço do petróleo Brent, referência internacional, ter subido aproximadamente 7,5% desde a última vez em que a Petrobras elevou os valores de gasolina e diesel, em 29 de dezembro. Nesse período, o real desvalorizou cerca de 1,5% ante o dólar.

Na semana passada, as ações da Petrobras chegaram a recuar 5% na quarta-feira, diante de crescentes preocupações com possíveis interferências políticas sobre a independência da companhia para reajustar preços dos combustíveis.

A tensão ganhou força após a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) ter protocolado em 8 de janeiro um ofício junto ao órgão antitruste Cade no qual acusou a estatal de práticas de valores de combustíveis "predatórias".

Rumores sobre uma possível greve de caminhoneiros, que pressionam o governo federal por menores preços do diesel, também ajudaram no desempenho negativo das ações.

"Esse ajuste de preços (da gasolina) foi incompleto, aumentaram 15 centavos, ainda precisa aumentar 7/8 centavos para gasolina entrar em paridade com o mercado internacional", afirmou à Reuters o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.

"O diesel não teve alteração, ele está com uma defasagem muito forte, na casa dos 20 centavos, mesmo com o mercado internacional cedendo um pouco hoje e o câmbio (valor do real versus dólar) subindo um pouco hoje, a gente está com uma defasagem se aprofundando."

O presidente da Abicom, Sérgio Araújo, também estimou que os preços da Petrobras seguem com defasagem ante o mercado externo.

"Esse anúncio (da gasolina) atinge metade do que era esperado. A defasagem continua, (agora está) em média 11 centavos de reais na gasolina", calculou.

Segundo ele, o diesel estaria com defasagem de 0,26 real por litro.

"O mercado continua aguardando reajuste da Petrobras para que ela cumpra paridade de importação como prometido", disse o dirigente da associação de importadores.

A Petrobras, que anteriormente negou a acusação de preços predatórios e indicou que agentes rivais podem ser "menos eficientes" em termos de custos, reiterou nesta segunda-feira que não mudou sua estratégia de reajustes.

 

 

"Os preços praticados pela Petrobras têm como referência os preços de paridade de importação e, desta maneira, acompanham as variações do valor do produto no mercado internacional e da taxa de câmbio, para cima e para baixo", disse a estatal, em nota enviada pela assessoria de imprensa.

O repasse dos reajustes na gasolina nas refinarias aos consumidores finais nos postos não é garantido, e depende de uma série de questões, como margem da distribuição e revenda, impostos e adição obrigatória de etanol anidro.

Em nota, a petroleira citou ainda que dados Global Petrol Prices, de 11 de janeiro, indicaram que o preço médio ao consumidor de gasolina no Brasil era o 52º mais barato dentre 165 pesquisados, cerca de 22% abaixo da média de 1,05 dólar por litro.

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