Economia

PEC testa força de Temer após eleição

O resultado das eleições municipais é visto pelos analistas dos bancos como um sinal de que Michel Temer ficou mais fortalecido para aprovar as reformas fiscais


	Temer: um progresso do ajuste fiscal poderia levar o dólar a R$ 3,00 e abrir espaço ao BC para ampliar o corte dos juros, diz especialista
 (Getty Images)

Temer: um progresso do ajuste fiscal poderia levar o dólar a R$ 3,00 e abrir espaço ao BC para ampliar o corte dos juros, diz especialista (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2016 às 17h32.

São Paulo - O mercado financeiro reage positivamente ao resultado das eleições municipais, com queda do dólar e dos juros futuros e alta da bolsa.

A vitória do PSDB e dos demais partidos que apoiam o governo federal na maioria dos municípios, combinada à ampla derrota do PT, é vista pelos analistas dos bancos como um sinal de que Michel Temer ficou mais fortalecido para aprovar as reformas fiscais, que poderiam abrir espaço para maiores valorizações dos ativos brasileiros.

A votação da PEC que impõe o teto de gastos do governo, que deve começar nesta semana em comissão da Câmara, pode ser um primeiro teste importante para esta percepção positiva sobre o efeito das eleições na perspectiva de reformas.

Um progresso importante do ajuste fiscal poderia levar o dólar a R$ 3,00 e abrir espaço ao BC para ampliar o corte dos juros, diz Vladimir Caramaschi, estrategista do Crédit Agricole no Brasil.

Em vez de cortar a Selic em 0,25 pp como o mercado precifica hoje, o BC poderá reduzir a taxa em 0,50 pp, ainda em outubro, se o governo tiver uma vitória “avassaladora” na votação da PEC, diz o estrategista do CA.

E até mesmo analistas que estão mais cautelosos com as perspectivas para a economia admitem que um sucesso mais expressivo do governo poderá sensibilizar o BC.

Os economistas Carlos Pedroso e Mauricio Nakahodo, do Banco de Tokyo-Mitsubishi UFJ Brasil, estimam que, diante das esperadas dificuldades para a aprovação das reformas e da desaceleração lenta da inflação, só em janeiro o BC terá espaço para cortar juros.

Se o governo aprovar o teto de gastos com larga margem e sem concessões significativas, porém, o corte poderia ser antecipado para outubro.

“A eleição gerou uma janela de oportunidade para a aprovação de reformas, pois há um senso de urgência tanto do PSDB quanto do PMDB para a aprovação de algumas medidas”, diz Rafael Cortez, analista da Tendências Consultoria.

O cenário, no entanto, ainda traz desafios para o presidente, como administrar as pretensões políticas dos dois partidos com vistas às eleições presidenciais em 2018. “Esse casamento entre os dois partidos tem data de validade”.

Embora os analistas possam ter dúvidas sobre a real extensão dos ganhos políticos do governo com o resultado das eleições deste domingo, há quase um consenso de que as votações das reformas, a começar pela PEC do teto, vão ser decisivas para definir até que ponto a reação otimista do mercado vista hoje é consistente ou não com os fatos.

“Se a medida passar, será o primeiro passo concreto do ajuste fiscal”, diz Bruno Marques, da XP Investimentos.

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