Economia

Partidos já se articulam para tentar endurecer reforma administrativa

Partido novo e cidadania querem fazer com que mudanças valham também os atuais servidores públicos

Congresso: reforma administrativa [e uma PEC, e precisa de amplo apoio no Congresso (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Congresso: reforma administrativa [e uma PEC, e precisa de amplo apoio no Congresso (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de setembro de 2020 às 09h50.

Última atualização em 4 de setembro de 2020 às 09h55.

Um grupo de partidos da Câmara quer aproveitar a reforma administrativa para cortar privilégios dos servidores atuais. A iniciativa, no entanto, esbarra justamente no ponto considerado como garantia para a proposta do governo ser aprovada, a manutenção das regras para quem já faz parte do funcionalismo público.

O coordenador da Frente Parlamentar da Reforma Administrativa, deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), avalia como possível a aplicação do "fim das distorções" já para os atuais servidores e não apenas aos novos ingressantes do serviço público, como o previsto na proposta apresentada na quarta-feira. Essa mudança pode ser uma das emendas às quais o partido Novo tem o direito de apresentar durante a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara. "Estamos estudando ainda, mas isso é um ponto que chamou a atenção", disse Mitraud.

A ideia é compartilhada também pelo líder do Cidadania, Arnaldo Jardim (SP). "O Cidadania atuará para aprovar uma reforma administrativa que acabe com os privilégios e distorções, ao mesmo tempo que será firme para preservar direitos adquiridos dos atuais servidores públicos", disse.

A bancada tem pressionado o Parlamento pela aprovação do projeto do deputado Rubens Bueno (PR) sobre o corte dos "supersalários". Pela proposta, todo tipo de pagamento passa a estar sujeito ao teto (hoje, R$ 39,2 mil), exceto verbas de caráter indenizatório.

"Esperamos também que a proposta aponte para o corte dos penduricalhos do alto escalão, impedindo que um servidor, pago com dinheiro do contribuinte, possa chegar a ter salário de R$ 200 mil, 300 mil ou até de R$ 1 milhão por mês", disse o líder do Podemos na Câmara, deputado Leo Moraes (RO).

"Penduricalhos" é uma expressão usada para definir pagamentos adicionais, geralmente acima do teto-salarial da categoria, como jetons, auxílio-moradia, entre outros.

Já o coordenador da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público, deputado Israel Batista (PV-DF), avaliou que a proposta do governo de reforma administrativa "desmonta a estrutura do Estado brasileiro". "A proposta enfraquece o Estado público brasileiro, o poder público, e submete o serviço público aos ventos políticos e eleitorais. Trata da estabilidade como se fosse um privilégio e não uma garantia."

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraGoverno BolsonaroReforma AdministrativaServidores públicos

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados