O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acredita que negociação da crise grega caminha para um desfceho (Renato Araújo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2011 às 15h57.
Washington - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou hoje que o governo brasileiro não deve retirar as medidas adotadas nos últimos anos para compensar a valorização do real. "O câmbio está devolvendo o que se valorizou", afirmou, logo ao desembarcar em Washington, onde participará da reunião de outono (no Hemisfério Norte) do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
De acordo com o ministro, a desvalorização da moeda brasileira nos últimos dias reflete o quadro de aversão geral do mercado ao risco gerado pela demora na conclusão da negociação do FMI, da União Europeia e do Banco Central Europeu com a Grécia. "Parece que a negociação vai caminhar para um desfecho favorável. Então, não deveria haver perigo nenhum. De qualquer maneira, os mercados continuam a dar sinais de estresse e de nervosismo Isso está levando a uma valorização do dólar no mundo todo", afirmou, ao enfatizar não ser esse movimento exclusivo ao Brasil.
Segundo Mantega, a desvalorização do real não deverá gerar, em curto prazo, pressão inflacionária no Brasil. De um lado, insistiu ele, a piora da crise mundial sinalizada pela valorização do dólar deverá provocar queda nos preços das commodities e aliviar possíveis pressões internas. Os efeitos no aumento de preços de produtos importados, especialmente insumos industriais, não devem ser percebidos em curto prazo porque os contratos de importação são fechados com meses de antecedência. "É preciso que o patamar de cambio permaneça por algum tempo para ter efeito no mercado. Caso contrário, as flutuações, as oscilações se anulam", argumentou.
Mantega insistiu não haver um "patamar aceitável" para a taxa de câmbio, dada a aposta do governo na política de flutuação cambial. A desvalorização, acentuou ele, trará alguns benefícios para o setor exportador. Mas, se vier com maior força pode preocupar o governo. Em especial, pelos seus efeitos sobre os devedores brasileiros. "Não vamos fazer ilações. Para isso acontecer, a crise terá de se agravar muito", afirmou. "Agora, se a coisa ficar feia, teremos de repensar tudo e ver o que precisa ser feito", completou.